A Polícia Civil vai abrir inquérito para apurar denúncia de furto e vandalismo na Fazenda Santo Henrique, da empresa de laranja Cutrale, em Borebi, durante os três dias de ocupação por integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST). Cerca de trezentos militantes invadiram a propriedade domingo e só desocuparam na quarta-feira, 5, deixando um rastro de destruição.
Cerca de 70 toneladas de laranja colhidas e guardadas num silo foram jogadas no chão e se estragaram. Paredes, telhados, máquinas e veículos foram pichados. Os armários dos alojamentos foram depredados e uniformes e equipamentos de proteção usados pelos funcionários desapareceram. Foi constatado o furto de baterias de veículos e de tambores com agroquímicos.
A Cutrale é a maior produtora de suco de laranja do mundo. O delegado do município, Jader Biazon, aguarda o laudo da perícia para decidir os rumos do inquérito. A Cutrale informou que também realiza um levantamento dos prejuízos para entregar à polícia.
De acordo com Delwek Matheus, da coordenação nacional do MST, os sem-terra deixaram a fazenda da forma como a encontraram. Segundo ele, as terras pertencem à União e foram griladas. A ação visou a denunciar a grilagem e os danos sociais, trabalhistas e ambientais causados pela Cutrale.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) move ação para retomar os 2,6 mil hectares, que considera serem da União. O órgão obteve decisão judicial favorável, mas a Cutrale entrou com recurso e conseguiu se manter na posse da área.
A fazenda já foi invadida quatro vezes e, em 2009, integrantes do MST usaram tratores para derrubar 12 mil pés de laranja. Acusados de furto, dano e formação de quadrilha, 22 militantes foram processados - sete chegaram a ser presos pelos crimes -, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) anulou o processo alegando não terem sido individualizadas as práticas criminosas.
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