Posse de procurador-geral reúne Cabral e Garotinho

Felipe Werneck e Luciana Nunes Leal
17/01/2013 às 20:17.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:44

A cerimônia de posse do novo procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Martins Vieira, foi marcada nesta quinta-feira pelo constrangimento causado pela presença do deputado federal e ex-governador Anthony Garotinho (PR) entre os convidados mais prestigiados, ao lado do governador Sérgio Cabral (PMDB).

Garotinho é um dos principais adversários políticos do peemedebista. Quando o cerimonial anunciou que ele iria se juntar à mesa, no auditório do Ministério Público, Cabral mudou de expressão, demonstrando contrariedade. Os dois não se cumprimentaram. Ao sair, o governador não quis dar entrevista. "Não nos falamos. A última vez foi com 10 dias de governo (em 2006)", disse Garotinho.

Indagado sobre a falta de interlocução com o governador, o deputado declarou, risonho: "Governadores mudam. Eu também já fui governador. Hoje, o grande amigo dele, Eduardo Cunha (deputado federal do PMDB, candidato à liderança do partido na Câmara com o apoio de Cabral), não fala comigo. Já foi meu amigo, hoje é grande amigo dele e do Fernando Cavendish." Cavendish é amigo de Cabral e dono da Delta, empreiteira que mais faturou em obras com a administração do peemedebista e que se tornou alvo de suspeita depois que a Polícia Federal revelou as relações de sua diretoria com o contraventor Carlinhos Cachoeira.

Eleito para o biênio 2013-2014, Vieira foi procurador-geral durante o governo da mulher de Garotinho, Rosinha Matheus (PR), hoje prefeita de Campos. Segundo ele, o deputado era o único parlamentar federal presente e, por isso, o cerimonial entendeu que deveria chamá-lo para compor a mesa. "Temos as questões políticas e as de cerimonial. Este é um momento de celebração, de festa, e não podemos praticar nenhum ato discriminatório", disse Vieira. "Não percebi isso (constrangimento). O clima foi de harmonia e tudo transcorreu de maneira muito tranquila, pelo menos na minha visão", acrescentou. O procurador-geral elogiou o modelo de combate ao crack aplicado em São Paulo.

Além de Cabral, Garotinho e Vieira, juntaram-se à mesa o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Paulo Melo (PMDB), e o ex-procurador-geral Cláudio Lopes, que não conseguiu eleger o sucessor que indicara para o cargo, o segundo mais votado. Após o evento na sede do MP, Cabral e Garotinho voltaram a se encontrar numa churrascaria do Rio, em almoço de campanha do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) pela presidência da Câmara. Sentaram-se em mesas separadas.
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