Possivelmente a gente tenha culpa, diz Lula sobre vaias a Dilma

Estadão Conteúdo
26/06/2014 às 10:03.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:09

Depois de atribuir à elite os xingamentos direcionados à presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa do Mundo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem à noite, pela primeira vez em público, que o PT pode ter culpa por não ter "cuidado com carinho" da insatisfação de parte da população. "Aqueles palavrões me cheirou a coisa organizada. O preconceito, a raiva demonstrada, possivelmente a gente tenha culpa. Eu vou repetir, talvez a gente tenha culpa de não ter cuidado disso com carinho", afirmou Lula em entrevista ao SBT.

O ex-presidente completou dizendo que o PT precisa discutir a corrupção em suas campanhas eleitorais. "O PT não pode fazer uma campanha sem discutir o tema da corrupção. Não podemos fazer como avestruz, enfiar a cabeça na areia e falar que esse tema não é nosso. Nós temos que debater". As declarações vão ao encontro da fala do ministro Gilberto Carvalho que, na semana passada, foi criticado por correligionários ao defender que o PT comete um "erro de diagnóstico" ao alimentar a "ilusão" de que "o povo pensa que está tudo bem".

Na entrevista concedida ontem (25), Lula defendeu a presidente Dilma Rousseff, disse que sabe da sua representatividade e prometeu usar toda a sua "força política" para reeleger sua sucessora. Na opinião dele, "a melhor candidata para o Brasil". "Acho que ela vai fazer um segundo mandato extraordinário, vai acontecer mais ou menos o que aconteceu comigo", disse.

Questionado sobre um possível desempenho inferior de Dilma na comparação com seu mandato, Lula ressaltou as dificuldades encontradas pela presidente. "Nós tivemos uma crise econômica mundial. Se compararmos o Brasil de 2014 com o de 2010 você fala: estávamos crescendo a 7,5% e estamos crescendo a 2%. Mas não tem que comparar com 2010, tem que comparar é com 2002. Como é que a gente (PT) pegou esse País? Porque é um processo, um projeto de construção que está em vigor neste País.", afirmou o ex-presidente.
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