(Lúcio Bernardo)
Estudo da organização Transparência Brasil revela que Minas Gerais e Goiás são os estados brasileiros com menor representação feminina nas Assembleias Legislativas, com apenas 5%. Em Minas as representantes na Assembleia são as deputadas estaduais Luzia Ferreira (PPS), Liza Prado (PROS), Maria Tereza Lara (PT) e Rosângela Reis (PROS).
O Senado não possui nenhuma representante mineira. Na Câmara, presença de Minas corresponde a apenas 2%, garantida pelas deputadas federais Jô Moraes (PcdoB) e Margarida Salomão (PT). Apenas três estados, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Sergipe, sem representantes, ficam atrás de Minas na Câmara.
Segundo a coordenadora da Transparência Brasil, Natália Paiva, as candidatas arrecadam até 68% menos do que os homens, e a maioria das que se elegem são alavancadas por parentes políticos.
De acordo com a deputada Jô Moraes muitas candidatas se elegem por transferências de votos. “Políticos transferem suas representações para filhas, esposas e até mesmo mães”, conta. Para ela, a arrecadação para campanhas femininas é dificultada pela cultura machista: “empresários não acreditam em mulheres na política”, diz.
De acordo com estudos realizados pela Inter-Parliamentary Union (IPU), que comparou a participação das mulheres no poder Legislativo em 145 países, o Brasil ficou em 126° no ranking.
Para o cientista político Gilberto de Barros, esse cenário é resultado de uma cultura e isso poderá ser revertido de maneira gradual, não de uma hora para a outra.
“Não podemos obrigar todo mundo a gostar de política. Isso faz parte da democracia”, afirma. De acordo com o especialista, as mulheres só se interessarão por política quando “esse deixar de ser um espaço de negociatas e se tornar ação pública”.
OBRIGAÇÃO
A legislação eleitoral brasileira determina que, no mínimo, 30% das candidaturas de partidos e de coligações em eleições para o Legislativo sejam de mulheres, exceto nas eleições para o Senado, pois o pleito não é proporcional. Segundo Natália Paiva, existe um indício que muitas candidaturas femininas são registradas apenas para cumprir a cota partidária necessária.
“A baixa taxa de sucesso em 2010, apenas 3,4% das candidatas se elegeram e o baixo financiamento são fortes sinais de que as candidaturas femininas são apenas para cumprir a lei”, explica.
Barros defende que o baixo índice de sucesso das candidatas é resultado da falta de interesse das mulheres na política. “Muitas delas se candidatam por causa da legislação e, por isso, não se elegem. As candidatas que realmente querem estar na política exercem um papel importante, a exemplo da presidente da República”, conclui.