(Ricardo Bastos)
Apesar de, no discurso, os vereadores defenderem um clima de entendimento na Câmara Municipal de Belo Horizonte, na prática, a realidade é outra. Na terça-feira (5), por exemplo, o tempo esquentou na disputa pela presidência da Comissão de Administração Pública. A Mesa Diretora defendia o nome do vereador Juninho Paim (PT). O preferido do Executivo era o vereador Professor Wendel (PSB). Na queda de braço, venceu o indicado pela Prefeitura da capital.
Até momentos antes da votação, Juninho Paim era o favorito em função de um acordo acertado entre os dois grupos. Mas, pressionados pelo grupo ligado ao Executivo, dois parlamentares mudaram suas posições e definiram o resultado a favor de Wendel.
A manobra fez o grupo ligado à Mesa Diretora reagir. Mas de nada adiantou a pressão promovida pela ala de vereadores. A comissão é composta por cinco parlamentares e tem, entre outras atribuições, discutir carreiras de servidores, impactos de eventos e obras públicas
Na hora da discussão, 14 estiveram no plenário. A maioria aliada à Mesa Diretora. Insatisfeito, o vereador Iran Barbosa (PMDB) apresentou requerimentos para tentar inverter a pauta.
Sob a orientação dos procuradores da Casa e do corpo técnico da comissão, o presidente em exercício, vereador Luiz Fernando (PSB), seguiu com os trabalhos e indeferiu os pedidos de Iran. Antes disso, a reunião chegou a ficar suspensa por cerca de 20 minutos.
Nervos
Com a interrupção, o clima esquentou. Os dois grupos de vereadores reuniram seus aliados para definir as estratégias. A segurança chegou a ser chamada para evitar algum tipo de tumulto.
Mas, com a retomada da discussão, o vereador Professor Wendel acabou eleito com quatro votos e Luiz Fernando ficou com a vice-presidência da comissão. “Não há o que discutir. Foram quatro votos em cinco possíveis. Agora, é evitar polêmicas e trabalhar pela cidade”, afirmou Wendel. Por outro lado, os vereadores derrotados na disputa prometeram recorrer da decisão. “Vamos procurar o presidente da Câmara, Léo Burguês (PSDB), e se não houver uma definição vamos acionar o Ministério Público”, disse Iran.
Burguês afirmou que não havia recebido nenhuma solicitação. “A questão de disputa gera um clima tenso, mas a democracia é assim. Se receber algum pedido, vamos analisar. O importante é manter sempre a postura que é exigida de um vereador de Belo Horizonte”, disse o tucano. Após a reunião, a discussão foi parar no plenário. Sem nenhum projeto na pauta, o assunto foi o tema central.