(Flávio Tavares / Hoje em Dia)
O prefeito de Pará de Minas e presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), maior entidade municipalista do país,Antônio Júlio (PMDB), partiu para o ataque contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e a atuação do Ministério Público (MP). Ao Hoje em Dia, o peemedebista atribuiu a quebradeira generalizada dos municípios ao que classificou de “política irresponsável de desoneração de impostos” visando os investimentos para bancar a Copa do Mundo de 2014. “A presidente Dilma fez gracinha às custas dos municípios. O governo está impondo a recessão para o povo. Esses primeiros meses de governo Dilma estão terríveis”, afirmou. Em tom de ironia, Antônio Júlio chamou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de “Dom Joaquim” e disse que ele atua em prol do sistema financeiro especulativo. “Ele (Joaquim Levy) conhece Washington, Cingapura, ele conhece onde está o setor financeiro, para onde ele está trabalhando. Quem gera recursos para a nação é a população, e a população está nos municípios”, disse. Em discurso em defesa de 852 colegas prefeitos, Antônio Júlio criticou duramente o “excesso de rigor” da atuação dos promotores de Justiça e defendeu punição para aqueles que oferecem denúncia sem fundamento. “Tem que responder pessoalmente quando cometer algum equívoco”, sustentou. Como forma de enfraquecer as prerrogativas do MP, o presidente da AMM promete levar ao Congresso Nacional uma minuta de projeto para limitar a ação. “O promotor de Justiça tem um papel importante na democracia, mas ele está legislando, denunciando e julgando, extrapolando sua atividade. Isso precisa ter limite”, defendeu. Nem mesmo o governo Fernando Pimentel, que tem Antônio Andrade do PMDB como vice, foi poupado das críticas. Segundo ele, o petista cometeu uma loucura ao encampar o projeto de lei que permite o uso de recursos financeiros de depósitos judiciais. “O governo vai gastar o que não é dele”, disparou. Na semana passada, o procurador-geral de Justiça, Rodrigo Janot, acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) alegando que a lei dos depósitos judiciais é inconstitucional. A lei prevê que o Estado disponha de 75% dos R$ 8 bilhões que se encontram nos depósitos judiciais no primeiro ano e de 70% no segundo ano de vigência. Sobre as denúncias que pesam contra o governador, levantadas pela operação Acrônimo da Polícia Federal (PF), Antônio Júlio diz que o próprio Pimentel deve se explicar e que o PMDB não opina sobre esse assunto. Apesar de reconhecer como eficiente a articulação política de Pimentel na Assembleia Legislativa, ele defende que o PMDB lance candidatura própria na corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte na eleição do ano que vem. “O partido tem que ter esse compromisso com Belo Horizonte”, considerou, citando os nomes dos deputados Leonardo Quintão e Sávio Souza Cruz como “boas” opções. - Entrevista Antônio Júlio As prefeituras quebraram? Tem algumas quebradas, outras que vão quebrar. E o problema não é de gestão. O quadro é de desespero. Nós estamos planejando uma ação em Brasília no próximo dia 5 para chamar a atenção do governo federal. Porque o governo entregou as ações político/financeiras do país para o sistema financeiro especulativo. Até porque o Dom Joaquim Levy que eles arrumaram lá não conhece (a realidade das cidades). Ele conhece Washington, Cingapura, ele conhece onde está o setor financeiro, para quem ele está trabalhando. Qual motivo central da crise financeira das cidades? Irresponsabilidade do governo do PT. Quando fizeram a desoneração dos impostos para organizar a Copa do Mundo todos sabiam que era um efeito retardado. Ela (presidente Dilma Rousseff) não tirou um tostão do recurso que vai só para a União. Estamos sem dinheiro, não tem repasse do recurso do FPM, que caiu quase 30%. Qual é a avaliação do senhor do segundo governo Dilma Rousseff? A presidente Dilma precisa assumir o governo. O governo está impondo a recessão para o povo. Esses primeiros meses de governo da Dilma estão terríveis.