Presidente Dilma Rousseff compara oposição a "Velhos de Restelo"

Vera Rosa
13/06/2013 às 09:48.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:05

Pressionada pela queda de popularidade, a presidente Dilma Rousseff usou na quarta-feira, 12, a cerimônia do anúncio de crédito para compra de móveis e eletrodomésticos aos beneficiários do Minha Casa, Minha Vida para mandar um recado à oposição, que tem atacado a alta de preços na tentativa de desconstruir o governo. Em tom veemente, Dilma disse não haver "a menor hipótese" de descontrole da inflação ou das contas públicas e partiu para a ofensiva, definindo o movimento dos adversários, a um ano e quatro meses da eleição, como "leviandade política grave".

"Eu queria dizer para todos os brasileiros: não há a menor hipótese que o meu governo não tenha uma política de controle e combate à inflação. Não há a menor hipótese", reagiu a presidente. "Todos os que apostam nisso são os mesmos que, no início deste ano, apostaram que ia haver um problema sério com o fornecimento de energia no País. (Isso) sumiu e desapareceu de todos os jornais, porque não era real", emendou Dilma, numa referência ao senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB e provável candidato à Presidência, que previu um apagão no País.

Orientada pelo marqueteiro João Santana, Dilma aproveitou a cerimônia para "vender" otimismo e desqualificar a oposição. Para tanto, mirou nos movimentos chamados por ela de "localizados, especulativos e que fazem mal ao País".

A avaliação do Planalto é de que o tombo da presidente nas pesquisas está relacionado a um "inferno astral" que se abate sobre o governo. Por esse diagnóstico, o desgaste na imagem de Dilma seria provocado não apenas pelo pessimismo em relação aos rumos da economia e ao temor do desemprego como também por boatos sobre o fim do Bolsa Família, entre outros motivos.

Recado aos 'Velhos'

Sem esconder a irritação com comentários de que o governo é "leniente" com a inflação e adota uma política de vaivém na economia, Dilma comparou os opositores ao Velho do Restelo, personagem pessimista de Luís de Camões que aparece em seu clássico Os Lusíadas.

Ao seu estilo, Dilma seguiu a linha adotada pelo antecessor Luiz Inácio Lula da Silva. Em linguagem mais popular, Lula dizia que os adversários torciam para a "urucubaca" do Brasil.

"Esse velho ficava sentado na praia azarando. O velho dizia o seguinte: ‘Não vai dar certo, não vai dar certo’. É um personagem que encontra eco através da história", insistiu Dilma. "Muitos Velhos do Restelo apareceram nas margens das nossas praias. Hoje, o Velho do Restelo não pode, não deve e, eu asseguro para vocês, não terá a última palavra no Brasil."

Após o discurso da presidente, ministros reforçaram o recado. "A oposição tenta pintar o céu com cores mais sombrias e algumas vezes se parece com aquela hiena do desenho animado, que dizia ‘Ó céus, ó vida, ó azar’", ironizou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "Foi um recado muito bem dado da presidente. Espero que entendam", resumiu o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.

Afago às mulheres

A cerimônia no Palácio do Planalto foi preparada sob medida para Dilma não só reagir às críticas sobre a escalada da inflação, que provocam insegurança nos eleitores, mas também para fazer um afago às mulheres, faixa do eleitorado em que a presidente perdeu mais apoio, em todas as regiões do País.

Ao anunciar uma linha de crédito especial de R$ 5 mil para cada beneficiário do Minha Casa, Minha Vida comprar móveis e eletrodomésticos, Dilma se referiu diretamente a "elas". "Tem o lado que, pra mim, é muito importante, que é o lado das mulheres desse País", discursou. "É o acesso, por exemplo, à máquina de lavar roupa automática. Porque uma coisa é o tanquinho, que usa a energia braçal das mulheres, outra coisa diferente é a máquina de lavar automática."

Com subsídio da Caixa Econômica Federal, o novo programa do governo, batizado de Minha Casa Melhor, tem apelo popular e linha de crédito de R$ 18,7 bilhões para cerca de 3,4 milhões de famílias. Os juros do empréstimo serão de 5% ao ano e o prazo de pagamento foi fixado em 48 meses. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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