Os bastidores da indicação de um peemedebista mineiro para o primeiro escalão do governo de Dilma Rousseff (PT) teriam levado o deputado federal Leonardo Quintão a cogitar uma mudança de legenda. O motivo é que o parlamentar teria se sentido traído ao saber que seu nome não foi negociado com tanto “empenho” pelos dirigentes partidários para ocupar o Ministério dos Transportes.
O PMDB mineiro trabalhava para emplacar o presidente estadual da legenda e deputado federal, Antônio Andrade, na Agricultura, e Quintão nos Transportes. Por fim, apenas Andrade obteve o cargo.
A nomeação deveria ocorrer em agosto de 2012, mas atrasou porque Dilma não queria dar conotação de barganha eleitoral às mudanças no primeiro escalão.
Durante este período, os nomes de Quintão e Andrade foram trabalhados junto à presidente. O secretario-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, teria enviado e-mail ao então vice-prefeito de Belo Horizonte e presidente do PT municipal, Roberto Carvalho, confirmando que Quintão seria o ministro dos Transportes. Roberto Carvalho ocuparia uma das secretarias executivas do ministério, a outra ficaria com um nome do PMDB.
Foi nesse ponto que o acordo desandou. Correligionários teriam dado a entender aos dirigentes do PMDB que Quintão assumiria a pasta apenas com o intuito de fortalecer seus projetos futuros. Com isso, deixaram de trabalhar por sua indicação.
Além disso, o ministro Fernando Pimentel entrou nas negociações e vetou os nomes de Quintão e Carvalho e começou a articulação da nomeação de Antônio Andrade.
No cálculo eleitoral de Pimentel, Quintão, como ministro dos Transportes, fortaleceria o nome do senador Clésio Andrade – executivo do setor – como candidato ao governo de Minas em 2014.
Gratidão
Como pretende ter o PMDB apoiando sua candidatura, Pimentel trabalhou pela nomeação de Andrade. Assim, o presidente estadual do PMDB ficaria grato pelo empenho do petista e trabalharia para a legenda fazer dobradinha com o PT em 2014 – o ministro como cabeça de chapa.
Segundo aliados, mudar de legenda seria uma espécie de retaliação ao PMDB, já que Quintão conta com o comando do PMDB de BH e um eleitorado fiel que o elegeu em 2010 com 141,7 mil votos. Procurado pelo Hoje em Dia e informado do assunto, o deputado disse que não ia comentar.