(Dione Afonso (4/03/2013))
O prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz (PRB), e a mulher dele, Raquel Muniz (PSC), eleita deputada federal em outubro, correm o risco de perder o mandato e de ficarem impedidos de disputar eleições futuras. A Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) do Ministério Público Federal em Minas ingressou na última sexta-feira (19) com a ação contra os dois por abuso de autoridade e de poder político, com uso da máquina administrativa em benefício próprio. Se a ação for julgada procedente, a parlamentar eleita pode ter o registro ou diploma cassados, podendo ficar inelegível por oito anos, sanção que pode alcançar seu marido. Também são investigados os servidores municipais Marcus Felipe do Ó, Cícero Júlio Campos de Oliveira e Maria Jacqueline de Matos. De acordo com a ação, Raquel Muniz, na companhia de Rui, teria organizado um sistema de favorecimento de sua candidatura a deputada, a partir da concessão de gratificações a servidores e encaminhamento de consultas e exames médicos de pacientes de outros municípios, sem os procedimentos adequados. Para a PRE, ficou evidente, a partir de depoimentos colhidos em investigação conduzida pelo Ministério Público Estadual, que a candidata “cooptava servidores públicos pagos com recursos do erário, oferecendo-lhes gratificações que representariam acréscimo em suas remunerações, também custeadas com as verbas públicas de Montes Claros, para trabalharem em prol de seus interesses eleitoreiros particulares, incrementando, assim, o contingente de cabos eleitorais”. A ação relata ainda que Raquel, na condição de chefe de gabinete do marido, colocou a estrutura administrativa da prefeitura à disposição de eleitores de localidades próximas, sempre com o intuito de obter votos. Para a Procuradoria Eleitoral, “o expediente enganoso acabava por causar prejuízos não só aos cofres municipais, que deixavam de receber pelos serviços médicos prestados a pacientes de outros locais, como aos próprios moradores de Montes Claros”. Em nota enviada pela Prefeitura de Montes Claros, a deputada Raquel Muniz, diplomada na última sexta-feira (19), disse que não tinha conhecimento de nenhuma denúncia de irregularidade em sua campanha.