SÃO PAULO - O Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou inquérito civil para a apurar possíveis irregularidades na compra, pela Prefeitura do Rio de Janeiro, de 20 mil unidades do jogo Banco Imobiliário-Cidade Olímpica. O brinquedo é uma versão do tradicional jogo de tabuleiro Banco Imobiliário, mas que ressalta obras e ações da administração do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). As unidades foram adquiridas por pouco mais de R$ 1 milhão e o objetivo seria distribuí-las nas escolas públicas da cidade.
De acordo com nota divulgada hoje pela Promotoria, a prefeitura e a Estrela, fabricante do produto, serão oficiadas e terão até dez dias para prestarem esclarecimentos para a 8ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Cidadania da Capital, responsável pelas investigações. Segundo o Ministério Público, a prefeitura terá de informar se as despesas com os brinquedos foram custeadas com recursos da Secretaria de Educação, além de remeter uma cópia do processo administrativo em que decide sobre a compra para o ministério.
Já a Estrela deverá esclarecer como a prefeitura participou da definição do conteúdo do brinquedo.
Sorte ou revés?
O jogo segue as regras originais do Banco Imobiliário, mas a nova edição substitui endereços conhecidos dos jogadores, como Ipanema e Morumbi, por locais como o Porto Maravilha (projeto da prefeitura para a zona portuária) e Centro de Operações Rio (que monitora tráfego e serviços públicos da cidade). Além disso, o logotipo da Prefeitura do Rio está estampado na capa do brinquedo.
Em uma das cartas do jogo, há referências também às realizações da administração do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), como a ocupação de favelas anteriormente dominadas pelo tráfico. "Seu imóvel foi valorizado com a pacificação da comunidade vizinha. Receba R$ 75 mil", diz uma das cartas.
Ficaram de fora do tabuleiro intervenções de outras administrações, como as linhas Vermelha e Amarela e a Cidade da Música (esta concebida por Cesar Maia, do DEM, desafeto político de Eduardo Paes).
Outro lado
Procurada, a Prefeitura do Rio informou que ainda não foi notificada oficialmente pelo Ministério Público e por isso não iria comentar a decisão. A Estrela também preferiu não se manifestar.