Proposta do Planalto muda a relação de forças no Congresso

Ana Flávia Gussen - Hoje em Dia
26/06/2013 às 08:28.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:28

A proposta da presidente Dilma Rousseff (PT) de dar à população a chance de participar do processo de reforma política no país por meio de um plebiscito parece ter provocado um rearranjo político. Enquanto parte da base e toda a oposição torceram o nariz, sobretudo para a ideia de uma constituinte política (que já vem sendo abandonada) e argumentaram que a petista está “atropelando” o Parlamento, Dilma ganhou o apoio de parlamentares considerados da tradicional “esquerda”, com histórico de críticas ao governo.

Os senadores Cristovam Buarque (PDT), Randolfe Rodrigues (PSOL) e Pedro Taques (PT) usaram as redes sociais para declarar apoio à proposta.

“A proposta da Dilma é pouco diferente (da proposta apresentada por ele e outros senadores na semana passada) mas bem-vinda”, registrou Buarque.

Randolfe aproveitou para alfinetar a petista, mas não deixou de elogiar: “Passe do discurso para o gesto, encaminhando para o Congresso a proposta da constituinte política”. Ele, ainda, que os constituintes sejam eleitos exclusivamente para o processo, impedindo que senadores e deputados façam parte das votações.

Também fazem parte do grupo os senadores Pedro Simon (PMDB) e Jarbas Vasconcelos (PMDB).

Críticas

Por outro lado, grandes defensores do governo e membros da base, como Francisco Dornelles (PP-RJ) bombardearam a proposta de Dilma.

“Um plebiscito sobre uma constituinte exclusiva sobre reforma política é uma metodologia chavista, uma metodologia Hugo Chávez, usada na Venezuela. Hoje, é um plebiscito para uma Constituinte Exclusiva para votação da reforma política. Amanhã, é uma Constituinte Exclusiva para votar uma reforma dos Poderes, da Organização do Estado, uma reforma da ordem econômica, da ordem social.

Considero que constituinte exclusiva tem o seguinte nome: golpe de Estado”, disse.

Para o professor de direito Luiz Carlos Gambogi de fato houve uma mudança no jogo político dentro do Congresso, mas não necessariamente será algo com impacto de maneira positiva para Dilma.

“O fato de alguns idealistas já terem se posicionado na linha favorável pode produzir um reflexo positivo, mas também se tornar refratários. A proposta pode passar a ser objeto de forte crítica de outros segmentos. Isso só o futuro vai nos dizer”, diz.

“A grande verdade é que tornou-se insustentável a forma como se fez política em nosso país”, declarou Gambogi que enxerga na constituinte exclusiva proposta inicial de Dilma Rousseff.
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