O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante discurso de mais de uma hora em reunião do Diretório Nacional do PT em Brasília, nesta quinta-feira (29). O petista afirmou que as propostas de ajuste fiscal já estavam prontas antes mesmo de Levy tomar posse.
"Tem gente que fala 'Fora Levy' com a mesma facilidade que gritava 'Fora FMI', e não é a mesma coisa. O programa de ajuste já estava feito antes do Levy", afirmou Lula. O ex-presidente ainda brincou: "alguns gritam Levy, mas já ouvi fora Palocci (ex-ministro da Fazenda) e até fora Fred (atacante do Fluminense) depois de perder o gol".
Lula destacou que ninguém quer arrumar a economia "mais rápido" do que a presidente Dilma Rousseff. Isso porque, segundo ele, a petista sabe que essa é a "única condição" de o PT recuperar o prestígio que já teve. De acordo com ele, Dilma, mais do que ninguém, também quer reduzir a taxa básica de juros (Selic).
O ex-presidente ponderou, contudo, que a redução dos juros não é algo tão simples. Ele lembrou que, apesar de a Selic estar atualmente em 14,5% ao ano, os juros futuros estão em 17%. "Isso significa que não há confiança de que a taxa de juros vá reduzir a inflação. Não há consenso de que a economia vá ser recuperada", disse.
O petista lembrou que a atual crise econômica é decorrente, em parte da crise econômica internacional maior do que a esperada, e, por outro lado, dos subsídios a programas importantes concedidos pelo governo. Após o governo ter gastado mais do que arrecada, Lula afirmou que não dá mais para pedir dinheiro para Levy.
Berzoini
Durante o discurso, Lula avaliou que a relação entre o Executivo e o Congresso teve uma mudança positiva "extraordinária" com a chegada do ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Ricardo Berzoini. O novo ministro assumiu a articulação política no lugar do ex-ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante, que se tornou Ministro da Educação.
"Com Berzoini, nenhum deputado se queixa mais que não teve conversa com o governo", afirmou o ex-presidente nesta quinta-feira, 29. Lula brincou que o atendimento não chega a 100%, mas que o que vale é o "chamego" e o "carinho" "quando não se tem dinheiro para fazer o que se tem que fazer nesse País".
O ex-presidente lembrou que Dilma também assumiu pessoalmente essa relação com parlamentares e que, desde então, vem notando uma melhora no ambiente político nos últimos dois meses.
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