PSB sonha, mas união com PSDB em Minas é difícil

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
08/01/2014 às 06:42.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:12
 (Zeca Ribeiro/Agência Câmara)

(Zeca Ribeiro/Agência Câmara)

Dirigentes estaduais dos partidos de oposição ao PT na disputa presidencial concordam que a entrada de dois tucanos no secretariado de Eduardo Campos (PSB) em Pernambuco fortaleceu a consolidação da aliança para disputar o governo de Minas Gerais. O impasse, como previsto, reside na figura indefinida do “candidato do senador Aécio Neves”.

Contra o ‘favoritismo nas pesquisas’ do ministro Fernando Pimentel, pré-candidato do PT ao Palácio Tiradentes, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), poderá unir as duas siglas na eleição para governador, na visão do deputado federal Júlio Delgado, presidente do PSB-MG.

Conterrâneo de Delgado e presidente do PSDB mineiro, o deputado federal Marcus Pestana admite essa possibilidade, mas ao mesmo tempo acha improvável uma candidatura do PSB com o apoio tucano. “É natural que a cabeça-de-chapa seja do PSDB, mas não há nenhum decreto celestial dizendo que o candidato tem de ser tucano”, disse.

“Quem vai coordenar isso é o senador Aécio Neves (PSDB), acompanhado de perto pelo governador Anastasia. O nome será fruto de entendimento”, completou Pestana. Para Delgado, entretanto, a aliança Eduardo-Aécio tomou agora outra dimensão. “Não vamos ficar alheios à eleição de Minas Gerais. Estamos preparados para disputar”, disse.

Segundo o socialista, “ficou subentendido que a aproximação do PSB com os tucanos em Pernambuco ajuda a consolidar uma aliança PSB-PSDB em Minas Gerais, até porque nós do PSB já participamos do governo Antonio Anastasia”. A sigla comanda as pastas da Educação, com Ana Lúcia Gazzola, e Turismo e Esportes, com Tiago Lacerda, filho do prefeito da capital.

Nos bastidores, apesar da franca resistência tucana à candidatura de Marcio Lacerda ao governo, ele é citado como “um nome quase imbatível” e “um dos três melhores prefeitos do país”.

“Para bater o Pimentel, só o Lacerda ou o Aécio. Pimenta da Veiga está afastado da política mineira há décadas. A meu ver, é o nome mais fragilizado de todos os possíveis candidatos”, disse um líder partidário aliado dos tucanos há 18 anos.

Pestana disse que “não há camisa de força decretando que não poderá haver um terceiro nome que surja das conversações”. Porém, descarta a hipótese do prefeito ser esse tertius. “O Marcio definiu, de forma inequívoca, que vai cumprir os quatro anos na prefeitura. Ele tomou uma decisão muito firme de ficar na prefeitura até o fim do mandato”.

Legenda vê prefeito agora mais flexível

O PSB aposta no acolhimento da pré-candidatura do prefeito de Belo Horizonte ao governo. “Houve uma mudança na postura do Marcio. Antes, ele dizia que não seria candidato, em hipótese nenhuma. Agora, já admite ser o candidato do consenso entre as legendas”, disse o deputado Júlio Delgado.

Para o dirigente, a candidatura socialista em Minas pode dar um passo adiante durante o encontro da Executiva Nacional do PSB, em Recife, previsto para o dia 17 de janeiro, para analisar as alianças nos estados. Marcio Lacerda, membro da Executiva, pode participar.

“Há muita tendência de caminhar para essa aliança. O candidato a governador agora deve ser nosso em Minas Gerais. Não sei ainda se o PSDB vai criar algum tipo de embaraço para isso. Podemos apresentar o candidato a governador”, resume Delgado.

“Não falei com o prefeito desde a virada do ano”, disse Delgado, mas “ele está reorganizando o secretariado”, segundo o deputado, para “preparar” a sua sucessão na PBH.acerda foge do tema e não tem agenda em Recife, segundo sua assessoria.

“Eu não tenho a reciprocidade, não me foi oficializado nada. Mas tem um entendimento em discussão nesse sentido”.
Hipótese mais provável é as duas siglas lançarem candidatos próprios, unindo-se num eventual segundo turno contra Pimentel. Como disse o vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP) no fim do ano, não haveria espaço para “palanque duplo” em Minas, pois não seria interessante para Aécio abrir espaço em seu estado para Eduardo Campos.
 

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