PSB terá que enfrentar falta de estrutura para a disputa em Minas

Patrícia Scofield - Hoje em Dia
09/06/2014 às 07:38.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:55
 (Renato Cobucci e Ricardo Bastos )

(Renato Cobucci e Ricardo Bastos )

A proposta de terceira via da pré-campanha do presidenciável Eduardo Campos (PSB), colocada pelos socialistas como alternativa à disputa entre PT e PSDB, terá dificuldades para deslanchar em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, atrás apenas de São Paulo.
 
Além de enfrentar a divisão interna em torno das duas pré-candidaturas do deputado federal Júlio Delgado e do ambientalista Apolo Heringer, o partido tem, atualmente, apenas 211 comissões provisórias em funcionamento, dentre as 646 instaladas no Estado. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
 
Entre as 435 comissões “inativas”, constam municípios com mais de cem mil habitantes, como Betim, Governador Valadares, Ipatinga, Ibirité, Poços de Caldas, Patos de Minas, Pouso Alegre, Barbacena, Sabará, Itabira, Passos e Ubá.
 
Regiões importantes política e economicamente, como o Sul, o Norte, Noroeste, Centro-Oeste, Alto Paranaíba, Vale do Aço e Região Metropolitana têm graves lacunas de representação.
 
Para o presidente do comando estadual do partido, Júlio Delgado, o fato não é preocupante, pois “ainda faltam de 120 a 150 dias” para o ponto alto da campanha. “É um cenário nacional que tem uma análise equivocada na construção dos palanques nos Estados. As alianças não estão consolidadas, mas temos tempo”, resumiu.
 
Questionado se estava se referindo ao presidenciável do PSDB, senador Aécio Neves, Delgado disparou: “Unir o PSB ao Aécio é enfraquecê-lo mais ainda”. O deputado foi um dos defensores da aliança pelo palanque duplo entre Aécio e Campos, tese que não ganhou corpo nos quadros do partido e nem teve a aprovação da pré-vice de Campos, Marina Silva.
 
Desafio
 
“Para começar, o PSB mineiro não tem diretórios municipais, têm comissões provisórias, tamanha a falta de estrutura. A capilaridade deixa muito a desejar. Você não ganha eleições apenas nas cidades grandes. É um obstáculo não só para o Campos, mas para quem vai disputar o governo do Estado. Tirando BH e Triângulo, há uma grande vulnerabilidade”, afirma um filiado que participa das articulações da legenda.
 
Instabilidade
 
De acordo com o presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-MG, Rodolfo Viana, quanto maior o número de comissões provisórias, maior é a instabilidade política, o que contribui para que os comandos locais tenham mais força que as decisões partidárias.
 
“Isso enfraquece o partido, deixa de ter estabilidade, verticali-zação, e filiados que respondam ao partido. Com uma base partidária fraca, a instância municipal acaba se posicionando contra a diretriz nacional da sigla, sem contar as comissões que se desconstituem por diferenças com os comandos regionais”, afirma.
 
“A questão que se apresenta é a seguinte: por que tantos municípios com PIB elevado não estão com a situação regularizada? Há uma possibilidade de que haja um acordo não explícito do PSB estadual de liberar os municípios?”, provoca um socialista.

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