(Antonio Cruz/Agência Brasil)
Dois meses depois da criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre a JBS, senadores do PMDB e do PT ainda não indicaram seus membros, o que vem dificultando a instalação da comissão. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, entre peemedebistas a preocupação é evitar expor o presidente Michel Temer. Já os petistas não querem que o foco das investigações se volte para os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
No lugar da CPMI da JBS, o Senado deve instalar esta semana uma CPI para investigar empréstimos concedidos pelo BNDES desde 1997. A CPI do BNDES, também criada em maio, já tem a maioria dos membros para dar início aos trabalhos - neste caso, os blocos do PT e PMDB também não fizeram indicações.
A CPMI da JBS propõe investigar supostas irregularidades em operações realizadas pelo grupo com o BNDES e BNDES-PAR entre os 2007 e 2016, além de investigar o acordo de delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa. O autor do pedido de criação do colegiado, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), afirmou que vai apresentar requerimentos para convocar os irmãos Batista, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin.
Os peemedebistas consideram que a investigação da JBS poderia expor ainda mais Temer, já que Joesley foi responsável pelas gravações e pela delação que resultaram na denúncia contra o presidente por corrupção passiva. A CPI do BNDES, por outro lado, teria um campo de investigação mais amplo, pois trata de supostas irregularidades nos empréstimos concedidos pelo banco durante 20 anos. Além disso, a CPI do BNDES só seria composta por senadores, o que, na avaliação dos parlamentares, facilitaria costurar acordos para barrar requerimentos de convocação.
Desconfiança
O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), disse que não existe acordo para barrar as comissões, mas que o partido vê a criação dos colegiados com desconfiança devido aos seus autores, que são adversários do partido.
O líder do PMDB no Senado, Raimundo Lira (PB), não foi localizado para comentar. Já o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que não tratou de nenhum acordo com o PT quando era líder da sigla e que não é contra nenhuma investigação.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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