O comando do PT articula, nos bastidores, um desagravo ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, ao ex-presidente do partido José Genoino e ao ex-tesoureiro Delúbio Soares, mas a ação será levada adiante somente depois do julgamento do mensalão. A ideia é organizar a defesa pública dos três réus até o fim de novembro. A data não está fechada, pois depende do ritmo do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal.
A manifestação vem sendo preparada em sigilo porque a ordem da cúpula petista é manter silêncio sobre o assunto até o último capítulo do julgamento. Em conversas reservadas, no entanto, dirigentes do PT dizem não ter mais esperanças na absolvição dos réus, embora acreditem que Genoino possa pegar a pena mais branda. No Palácio do Planalto e no PT, a avaliação é que a condenação de Dirceu deixa uma mancha no legado do governo Lula e no partido. É por isso que petistas preparam uma reação, que pode incluir um contra-ataque ao PSDB, com lembranças sobre o mensalão mineiro.
"Soa muito estranho o Supremo julgar os réus do PT justamente às vésperas das eleições", afirmou o líder do partido na Câmara, Jilmar Tatto (SP). "No mínimo, isso não é razoável."
Para Tatto, a Corte fez "mudanças casuísticas" no rito do julgamento e "não respeitou o devido processo legal" porque tem alvos preferenciais no processo. "É um calendário feito nitidamente para prejudicar o PT. Está havendo uma politização do julgamento", disse o deputado.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversa diariamente com Dirceu e o orientou a não dar entrevistas neste momento. Após participar, na noite desta quarta-feira (3), de comício do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, Lula manifestou a amigos inconformismo com o voto do relator, Joaquim Barbosa, que pediu a condenação de Dirceu, Delúbio e Genoino. Embora o parecer já fosse esperado, petistas acharam que o tom adotado por Barbosa foi muito agressivo.
A portas fechadas, dirigentes do PT dizem que tanto Lula como a presidente Dilma Rousseff "escolheram mal" a maioria dos juízes do STF. Dos onze ministros que compõem a Corte, oito foram indicados por Lula e Dilma - o mais recente, Teori Zavascki, espera aprovação do Senado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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