(Eugênio Moraes)
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), enfrenta dificuldades para compor sua nova equipe de governo. Além de sofrer a pressão dos 19 partidos aliados por espaços, o socialista teme complicações em sua gestão caso decida retirar todos os petistas da prefeitura. Em pelo menos duas secretarias – Educação e Adjunta de Planejamento e Gestão –, toda a estrutura é composta por indicações petistas. Além disso, Lacerda terá de lidar com a insatisfação tucana, após não aceitar nenhuma indicação do PSDB. No comando da Educação está, interinamente, o petista Afonso Renan. Ele era secretário-adjunto da petista Macaé Evaristo, que deixou o cargo assim que o partido lançou candidatura própria. Todas as gerências da pasta são ocupadas por petistas, entre concursados e comissionados. O caso mais difícil está na Secretaria Adjunta de Planejamento e Gestão, responsável pelo Orçamento Participativo (OP). A estrutura era dirigida pelo petista Geraldo Herzog até a última sexta-feira. O petista foi exonerado no sábado, durante a apuração desta reportagem. Mesmo com a saída de Herzog, todos os funcionários são petistas e possuem experiência de vários anos na condução do programa social. Lacerda tem três preocupações se retirar os petistas, principalmente os que ocupam cargos de segundo e terceiro escalões, responsáveis por operacionalizar as ações da prefeitura. Se iniciar uma “caça às bruxas” aos petistas para acomodar os aliados, o prefeito teme retaliações de outros servidores, dos vereadores da legenda e até mesmo do governo federal. Caso opte por manter os petistas nos cargos, vai desagradar os outros partidos aliados. Por exemplo, a Secretaria de Desenvolvimento, à qual a pasta de Planejamento e Gestão é vinculada, é comandada por um indicado tucano, Marcelo Faulhaber. Além disso, a retirada imediata de todos os militantes do PT poderia causar uma “paralisia” na administração, mesmo com a entrada de outras pessoas. O PT ainda mantém o controle da Secretaria Adjunta de Gestão Previdenciária (Márcio Dutra) e da Ouvidoria (Saulo Amaral). Perda de espaço “Essa situação é muito pontual e essas pessoas, apesar de serem filiadas, não possuem participação partidária. Esperamos que elas não façam política partidária na gestão”, avalia o presidente do PSB de Belo Horizonte, João Marcos Lobo. “É lógico que a administração está atenta a quem não cumpra as metas. Isso vale para qualquer um, seja do PT ou de outro partido”, avisa Lobo. O presidente do PT municipal, Roberto Carvalho, diz que o partido fará “oposição” responsável e não teme o partido perder espaço no OP para o PSDB. “Não é a praia dos tucanos. Em 10 anos de governo tucano em Minas, nunca a área social foi comandada por alguém do partido”, provoca. Leia mais na Edição Digital do Hoje em Dia