(André Dusek/Estadão Conteúdo)
Num pronunciamento de pouco mais de 10 minutos, a presidente Dilma Rousseff fez uma defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da última fase da Operação Lava Jato. "Em primeiro lugar, eu quero manifestar o meu mais absoluto inconformismo com o fato de o ex-presidente Lula que, por várias vezes, compareceu de forma voluntária para prestar esclarecimentos, seja agora submetido a uma desnecessária a uma condução coercitiva para prestar depoimento", disse.
Ao lado de 10 ministros, a presidente usou boa parte do tempo para rebater as acusações da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e acusou o ex-líder do governo no Senado de tentar atingi-la por sentimento de "vingança". "Acredito que seja lamentável que ocorra o vazamento da hipotética delação premiada que, se chegou a ser feita, teve como motivo único a tentativa de atingir a minha pessoa e o meu governo e provavelmente pelo desejo de vingança, imoral e mesquinho desejo de vingança, e de retaliação, de quem não defendeu quem não poderia ser defendido pelos atos", destacou. Dilma fez questão de se referir à delação premiada como "hipotética".
A presidente relembrou ainda que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, arquivou o processo contra ela em relação à compra da refinaria de Pasadena e negou qualquer conversa com o senador a respeito da nomeação de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Eu jamais falei com o senador a esse respeito, do ponto de vista institucional, não teria nenhuma razão para conversar com um senador a esse respeito", afirmou.
Dilma afirmou que seu pronunciamento neste momento é fundamental e ressaltou que os "direitos individuais passam por adoção de medidas proporcionais".
A presidente criticou mais uma vez o vazamento de informações e disse que já prestou esclarecimentos sobre a compra da refinaria e frisou que Delcídio não apresentou nenhum elemento concreto sobre a compra da refinaria. "É absolutamente subjetiva e insidiosa a fala do senador, se ela foi feita", afirmou há pouco.
Sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, a presidente desqualificou as acusações feitas por Delcídio e disse que é um absurdo supor que ela saberia, em 2006, o que aconteceria em 2010. "Carece de credibilidade que a CPI dos Bingos teria sido feita para beneficiar minha campanha, essa afirmação se desmente pela temporalidade, pelos fatos", frisou.
Após empossar nessa quinta (3), o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo como advogado-geral da União, Dilma o colocou ao seu lado nesta sexta. O sucessor de Cardozo, Wellington César Lima e Silva, também estava presente, mas não tão próximo da presidente quanto Cardozo. Do outro lado, estava o ministro da Casa Civil, Jacques Wagner. Também acompanharam Dilma os ministros da Comunicação Social, Edinho Silva; das Relações Exteriores, Mauro Vieira; do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias; o novo ministro da Controladoria-Geral da União, Luiz Navarro; da Cultura, Juca Ferreira; e das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes.
Para realizar o pronunciamento, a presidente se retirou da reunião com 21 governadores no Palácio do Planalto. Só não estão presentes os governadores de Goiás, Pará, Paraná, Maranhão e Bahia, que enviaram representares para a reunião. Após a declaração à imprensa, Dilma retornou à sala de reunião para continuar as discussões.