Renato Duque estuda fazer acordo de delação premiada

Estadão Conteúdo
18/07/2015 às 12:42.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:58
 (Gisele Pimenta/EstadãoConteúdo)

(Gisele Pimenta/EstadãoConteúdo)

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque estuda firmar um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. Duque está preso preventivamente desde 16 de março de 2015 e é apontado como elo do PT no esquema de pagamento de propinas na estatal.

O advogado Alexandre Lopes, que defende o ex-diretor, disse ontem que "não é impossível" que ele faça contribuição premiada por causa de sua situação psicológica, mas negou que ele já tenha fechado o acordo com o Ministério Público Federal.

Segundo o advogado, caso Duque decida fazer a delação, o acordo será mediado por outro escritório de advocacia. Na sexta (17), o ex-diretor da Petrobras ficou em silêncio durante a audiência na Justiça Federal em Curitiba em ação penal na qual responde por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Na mesma ação, também são réus o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e outros 25 investigados.

A defesa de Duque pediu ao juiz Sérgio Moro uma "entrevista prévia e reservada" antes da audiência marcada para a tarde do mesmo dia.

O ex-diretor da Petrobras foi preso após a Polícia Federal sob a acusação de tentar ocultar patrimônio não declarado na Suíça por meio da transferência de 20 milhões de euros para uma conta no Principado de Mônaco. Ele teria assumido o cargo com o apoio do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu - que nega a indicação.

Vaccari

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também ficou em silêncio na audiência na Justiça Federal no Paraná. Ao juiz Sérgio Moro, que decretou sua prisão em 15 de abril na 12.ª etapa da Operação Lava Jato, o ex-tesoureiro não quis responder perguntas sobre a acusação do Ministério Público Federal.

Vaccari seguiu orientação de seu advogado, o criminalista Luiz Flávio Borges D'Urso. "Não existe absolutamente nada contra Vaccari, por isso ele nem depôs. Não há nada a responder porque não há nada contra Vaccari", afirmou o advogado.

Na avaliação do criminalista, nos autos "não há nenhuma prova que corrobore o que foi dito pelos delatores" - o lobista Augusto Mendonça, o doleiro Alberto Youssef e o ex-vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Leite. "O que consta da denúncia contra Vaccari é a palavra dos delatores, nada mais", disse o criminalista.

Segundo os delatores, o ex-tesoureiro teria captado dinheiro do esquema de corrupção e desvios na Petrobras para o partido.

A defesa de Vaccari entrou com novo pedido de habeas corpus, agora no Superior Tribunal de Justiça. O pedido deverá ser analisado pelo ministro Francisco Falcão.

Lavagem

Além desta ação penal, Duque e Vaccari são réus também na Justiça Federal no Paraná em outro processo criminal. Eles foram denunciados pela força-tarefa da Lava Jato pela prática de lavagem de dinheiro no total de R$ 2,4 milhões, entre abril de 2010 e dezembro de 2013.
Segundo o Ministério Público Federal, uma parte da propina que teria sido paga para Duque foi direcionada por empresas do grupo Setal Óleo e Gás, controlado por Mendonça para a Editora Gráfica Atitude.

O pagamento foi feito a pedido de Vaccari, tesoureiro do PT de 2010 até este mês, quando foi preso pela Lava Jato. Os procuradores da força-tarefa sustentam que existem, ainda, "vários indicativos de ligação da Gráfica Atitude com o PT".
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