A reunião da CPI do Cachoeira marcada para decidir se os trabalhos seriam prorrogados ou não terminou sem acordo político. Os representantes da oposição na comissão querem prorrogar os trabalhos para continuar as investigações e, especialmente, rastrear a movimentação financeira de empresas ligadas ao esquema montado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Os aliados, por sua vez, querem no máximo prorrogar os trabalhos para que seja votado o relatório final das investigações. Oficialmente, a CPI encerra as suas atividades no próximo domingo, dia 4 de novembro.
Diante do impasse, uma nova reunião ficou marcada para esta quarta-feira (31). A oposição quer estender as investigações por pelo menos 180 dias. Consideram que este é o prazo hábil para fazer as apurações do esquema montado pela empreiteira Delta com Carlinhos Cachoeira. Na base aliada, no entanto, há algumas propostas. A principal sugestão é postergar o fim dos trabalhos apenas para dar tempo para que o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), apresente e vote o seu relatório final.
"O prazo é apenas uma desculpa. Se não houver a quebra de sigilo das empresas ligadas ao esquema de Cachoeira, a prorrogação será uma farsa", afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) comparou a movimentação financeira em supostos desvios de dinheiro da Delta aos movimentados pelo mensalão. Segundo ele, a Delta movimentou R$ 420 milhões enquanto o mensalão envolveu a soma de R$ 150 milhões. O deputado gaúcho ressaltou, no entanto, que o mensalão passou por uma investigação formal e que isso não ocorreu com as movimentações da Delta. Rodrigues afirmou que proporá na reunião de quarta-feira que sejam votadas as propostas de prorrogação de trabalho. "Cada um que arque com suas consequências", disse o senador.
Se sair derrotada, a oposição deve apresentar ao Ministério Público Federal um relatório paralelo com suas conclusões sobre as investigação feitas durante a CPI.
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