(Estadão Conteúdo)
Prestes a ter a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) o ex-ministro José Dirceu passou o dia de ontem com a família em sua casa em Vinhedo, interior de São Paulo. Principal acusado no mensalão, o ex-chefe da Casa Civil estava em Itacaré, no litoral sul da Bahia, quando soube da decisão de condenação imediata na quarta-feira e retornou de avião para São Paulo. Eles pousaram em Jundiaí, na madrugada de ontem, e seguiram para sua casa, em um condomínio fechado. Ele deve permanecer o fim de semana em Vinhedo, com a família.
Amigo de José Dirceu e autor do projeto de um livro sobre os bastidores da passagem do ex-ministro pelo governo federal, o escritor Fernando Morais disse que o petista está tranquilo.
Ao contrário de seu ex-aliado e inimigo, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), que delatou o esquema, se manifestou. Ele chegou na noite de quarta-feira à sua casa em Levy Gasparian, no interior do Rio. Ontem, parecia tranquilo, conformado com o resultado do Supremo.
Jefferson diz que, oito anos depois de denunciar o esquema de compra de votos, não tem arrependimentos, e que é um réu condenado ‘como qualquer outro’.
“Não (tenho arrependimentos), tudo certo. O momento é de silêncio, tenho que aguardar. Não me regozijo, sou um réu condenado como todos os outros, vamos aguardar que se cumpra o destino”, disse o ex-deputado.
Em Minas, Marcos Valério segue recluso, enquanto seu advogado afirma que ele irá se entregar espontaneamente assim que o mandado de prisão for expedido.
Já o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) pretende renunciar ao mandato assim que o STF determinar o cumprimento da pena de prisão. Ele disse a integrantes de seu partido que não vai submeter seus colegas de bancada a esse “constrangimento”. (Com agências)
Petistas agora cobram júri de mensalão do PSDB
Sem esconder a tristeza pela prisão iminente de petistas condenados no mensalão, senadores do partido cobraram ontem do STF o julgamento do chamado mensalão tucano – que envolve políticos da oposição.
Os petistas afirmam que a Suprema Corte adotou “dois pesos e duas medidas”, ao julgar o mensalão do PT e postergar o julgamento de caso semelhante que atinge políticos do PSDB, ocorrido antes.
Os senadores petistas consideram que o mensalão é um “episódio superado”, por isso cabe ao Supremo agora dar celeridade na análise do outro suposto esquema de compra de votos envolvendo eleições.
“O esquema de pagamento de mensalidades foi criado em PSDB em Minas Gerais cinco anos antes. Não tem nem data para julgamento e corre o risco de prescrever. Não se pode ter dois pesos e duas medidas”, disse Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado.
Lula evita comentar condenações
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quis comentar ontem decisão do Supremo Tribunal Federal que definiu na quarta-feira pela prisão de 11 condenados no caso do mensalão.
Segundo ele, não compete a ele fazer ponderações sobre o julgamento. “Eu acho que quem tem de discordar ou não são os advogados que juridicamente têm que dizer o que podem fazer ou não”, disse Lula. “Quem sou para fazer qualquer julgamento ou insinuação da Suprema Corte?”, completou.