(Rolls-Royce)
Documento divulgado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos nesta terça (17) diz que a Rolls-Royce repassou US$ 9,3 milhões (cerca de R$ 30 milhões atualmente) a lobistas no Brasil. Petrobras que ajudou a empresas a conquistar meia dúzia de contratos.
A Rolls-Royce, uma das maiores empresas do Reino Unido, fez um acordo com procuradores da "Lava Jato" pelo qual pagará uma indenização de R$ 81,2 milhões, segundo dados divulgados nesta terça (17) pelo Ministério Público Federal.
A Rolls-Royce entrou na mira da "Lava Jato" depois que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco contou em seu acordo de delação que recebeu ao menos US$ 200 mil para que a empresa conquistasse contratos de US$ 100 milhões para o fornecimento de geradores de energia para plataformas de petróleo.
Levantamento da antiga CGU (Controladoria-Geral da União) aponta que o valores dos contratos eram bem maiores, de US$ 650 milhões. Segundo o Ministério Público Federal, a Rolls-Royce lucrou R$ 39,7 milhões com os seis contratos com a Petrobras.
Leia mais:
Rolls Royce paga mais de US$ 800 mi para encerrar investigações de corrupção
Odebrecht colabora com investigação dominicana
Odebrecht vai desencadear delações no núcleo político
Procurada pela reportagem, a estatal não quis informar os valores dos contratos apesar de a informação ser pública. O documento do Departamento de Justiça dos EUA, o equivalente ao Ministério da Justiça brasileiro, não cita nomes, mas as investigações da "Lava Jato" apontaram que o principal lobista da Rolls-Royce no Brasil foi Julio Faerman. Ele fez um acordo de delação e devolveu US$ 54 milhões. Já o intermediário que recebeu a propina é Pedro Barusco, que pagou US$ 97 milhões de indenização após fechar um acordo de delação.
O texto divulgado nos EUA cita pela primeira vez qual foram as obras para as quais a Rolls-Royce forneceu turbogeradores de energia. São as plataformas P-51, P-52, P-53, PRA-1, P-56 e Mexilhão, todas construídas durante os dois governos do ex-presidente Lula, de 2003 a 2010.
Segundo o documento divulgado nos EUA, o lobista da Rolls-Royce conseguiu mudar disputas em que a empresa já havia sido desclassificada por razões técnicas. A licitação foi refeita e a Rolls-Royce ganhou o contrato. O funcionário da Petrobras também fornecia informações sigilosas para o lobista, de acordo com a Rolls-Royce.
O acordo com o Brasil faz parte de um acerto maior, que inclui o Reino Unido e os EUA. A indenização total será 671 milhões de libras (R$ 2,6 bilhões). O Reino Unido ficará com o equivalente a R$ 1,95 bilhão e os EUA, com R$ 550 milhões. A Rolls-Royce admitiu ter pago US$ 35 milhões em propina no Brasil, Tailândia, Kazaquistão, Angola e Iraque.