Na opinião do senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) perde as condições para continuar presidindo a Câmara caso vire réu da operação "Lava Jato". "Eu acho que aí [com a aceitação da denúncia] fica muito difícil a permanência dele", disse Aécio em entrevista o jornalista Kennedy Alencar, do programa "SBT Brasil". "A aceitação da denúncia por parte do Supremo [Tribunal Federal] tira as condições, acredito eu, mínimas de condução da Câmara dos Deputados", acrescentou. Aécio Neves presidiu a casa no biênio 2001-2002. Presidente do maior partido de oposição ao governo federal, Aécio afirmou que as acusações contra Cunha, denunciado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, "são extremamente graves". Segundo a denúncia, Cunha recebeu US$ 5 milhões em propina no esquema de corrupção na Petrobras. No mesmo dia em que a denúncia foi apresentada, a oposição adotou publicamente um tom de cautela, embora mantinha apoio ao deputado nos bastidores. Cunha vem se mostrando o principal aliado da oposição nas derrotas do governo Dilma Rousseff na Câmara. Setores da oposição tinham a intenção de pressionar o peemedebista a dar seguimento a um pedido de impeachment. A decisão cabe a Cunha. Para que o deputado não precisasse assumir sozinho o desgaste político com o governo federal, uma das estratégias esboçada por seus aliados previa que ele rejeitasse o pedido, abrindo caminho para que a decisão fosse contestada no plenário da Câmara. Com o voto de ao menos 257 dos 513 deputados federais, o despacho seria revertido e o pedido de impeachment teria seguimento. A ação teria, assim, um caráter coletivo. CPMF Durante a entrevista, Aécio disse também que não acredita na possibilidade de recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), como quer o governo. "Nenhuma medida que signifique o aumento de carga tributária terá o apoio da oposição", disse. "E acho muito difícil que [tenha] da base", concluiu.