O secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho, Sérgio Vidigal, afirmou nesta quinta-feira, 5, que não assinou nem autorizou nenhum convênio com o Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat), ONG apontada pela Polícia Federal como carro-chefe de um esquema de desvio de R$ 18 milhões da pasta. Vidigal, médico, ex-prefeito de Serra (ES), filiado ao PDT, assumiu o cargo em 12 de junho, convidado pelo ministro Manoel Dias. O contrato com a ONG foi firmado em 2008 e resultou, até 2011, no repasse de R$ 47,5 milhões para os cofres da entidade.
A PF diz que Vidigal mantém "relações próximas" com o padre Lício de Araújo Vale, diretor financeiro do Ceat, preso terça-feira, 3, sob acusação de peculato, lavagem de dinheiro e quadrilha. O secretário disse que recebeu o religioso em seu gabinete em agosto. "Foi agenda pública, como deve ser. Transparência absoluta. Conheço padre Lício, muito simpático. Ele não estava só, veio com outros da entidade. Eu os recebi de portas abertas. Falaram sobre os convênios, um vence em setembro, outro em dezembro. Mas não formalizaram nada comigo. Encaminhei-os ao Departamento de Emprego e Salário (DES)."
A PF mira dois assessores do ministério - Gleide Costa, preso por corrupção, e Ivana Lúcia Zillig de Paiva. "Estou no cargo há menos de 90 dias. Esses convênios são de 2008. Não assinei nenhum, nem com essa entidade, nem com outra", esclareceu Vidigal. Ele destacou que todos os convênios, obrigatoriamente, passavam por Gleide e Ivana, ambos com mais de 15 anos na pasta, atuando como assessores do DES, dirigido por Rodolfo Torelly.
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