O vice-presidente de Assuntos Jurídicos da Siemens, Fabio Selhorst, afirmou que a empresa pagou uma viagem do principal delator do cartel, o ex-diretor Everton Rheinheimer, à sede da empresa, na Alemanha, para ele "produzir provas do que está falando". A informação foi divulgada em entrevista à revista América Economia, especializada na área econômica. A viagem foi feita no ano passado.
Rheinheimer afirmou, em colaborações premiadas na Polícia Federal e no Ministério Público Federal, que as empresas do setor não só praticavam cartel como corrompiam políticos paulistas pagando propina. Para Selhorst, promotores de São Paulo chegaram a negociar uma delação premiada com o ex-diretor, mas desistiram após concluírem que ele não tem como provar as acusações.
Selhorst concedeu a entrevista em 17 de dezembro. Nela, criticou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) por inicialmente ter processado apenas a Siemens - por determinação judicial, o Estado incluiu as demais empresas denunciadas no caso, mas Alckmin sempre frisou que a Siemens era ré confessa e que as outras serão excluídas dos autos caso não se encontre nada contra elas. "A ação que ele ajuizou foi prematura. O fato de atacar a Siemens e não os demais estimula o silêncio das outras partes", disse.
O executivo declarou que, pelos seus cálculos, se ficar comprovado sobrepreço de 30% do valor dos contratos - como os lenientes estimaram a respeito de um dos seis contratos denunciados -, a Siemens deveria devolver aos cofres paulistas R$ 37 milhões. "É um valor muito diferente dos R$ 570 milhões que a mídia divulga."
O governo paulista afirmou, em nota, sobre a fala de Selhorst, que "está defendendo o interesse público". "Nunca foi dito que a ação de indenização se limitaria à Siemens, mas que começaria por ela porque é ré confessa no âmbito do acordo de leniência". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.