Sindicalistas vão pressionar Congresso por fator previdenciário

BRASÍLIA - Para tentar sensibilizar a presidente Dilma Rousseff a apoiar proposta alternativa ao fator previdenciário, um bloco de seis partidos promete obstruir a votação de todos os projetos de interesse do governo federal no Congresso. O projeto, contudo, deve ser votado somente no próximo ano.

Depois de oficializar um pedido de audiência com a presidente Dilma nessa terça-feira (4), o deputado federal Paulinho da Força (PDT) e representantes das Centrais Sindicais dizem que PDT, PSD, PTB, PR, PSC e PSB estão decididos a atrapalhar a votação do Orçamento, de créditos e de medidas provisórias.

"Vamos atrapalhar a vida [de Dilma]. A presidente terá dificuldades", disse o deputado, que defende a votação de um projeto alternativo ao fator previdenciário. "Só não vamos deixar de votar projetos de interesse dos trabalhadores", disse.

Tramitam no Congresso duas propostas de mudança no fator previdenciário, mecanismo criado no início dos anos 2000 para evitar aposentadorias precoces no setor privado, mas ambas desagradam o Palácio do Planalto.

As Centrais apoiam projeto que considera tempo de contribuição e idade do trabalhador. Atualmente, o fator previdenciário leva em conta a idade do trabalhador ao pedir a aposentadoria, o tempo de contribuição e a expectativa de vida. Quanto menor for a idade da pessoa ao se aposentar, menor será o benefício recebido.

Antes de serem recebidos no Palácio do Planalto, as Centrais protestaram pela votação imediata do projeto que trata do fator previdenciário. A porta do Palácio foi fechada para impedir entrada dos sindicalistas.

Dívidas agrícolas

Enquanto as Centrais pediam audiência com a presidente, agricultores endividados, que também fizeram manifestação na porta do Palácio, foram recebidos pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-geral da Presidência da República). Eles vão preparar um documento com reivindicações que será apresentado amanhã.

Cerca de 150 manifestantes dizem representar 1 milhão de agricultores nordestinos que acumulam dívida de R$ 10 bilhões com os bancos do Nordeste e do Brasil. "Em 18 anos, são 21 medidas provisórias e 15 projetos de lei que nada melhoraram nossa situação", reclama Mário Borba, da Paraíba.

O pleito dos manifestantes, que querem perdão das dívidas e crédito mesmo estando inadimplentes, será analisado pelo Ministério da Agricultura, disseram representantes dos agricultores.