Somente o PL cooptou 23 deputados com o mensalão, diz relator

Agência Estado
19/09/2012 às 19:03.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:25

 


O pagamento de mensalão a partidos da base financiou a compra do passe de deputados de outras legendas, inclusive da oposição. O relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, afirmou que o repasse de recursos milionários pelo "partido do governo" ao PTB, PP e PL foi usado também para inflar a base de sustentação do governo Lula.

O relator do processo afirmou que as bancadas do PTB e PL (atual PR) dobraram de tamanho no período em que receberam mensalão. Somente o PL, esmiuçou Barbosa, cooptou 23 deputados no período. A bancada do PP cresceu 30%, conforme o relator, também no período em que os repasses eram feitos.

Na segunda-feira (17), quando o tribunal começou a julgar os parlamentares beneficiados pelo mensalão, Joaquim Barbosa afirmou que o governo, por meio do PT, comprava os votos de deputados para garantir a aprovação de projetos de interesse do Executivo. E sepultou a tese encampada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo PT e pelos advogados dos réus de que o dinheiro serviu para o pagamento de despesas de campanha, gastos que configurariam a prática de caixa dois.

O então presidente do PL, Valdemar Costa Neto, recebeu R$ 10 milhões, conforme admitiu o operador do mensalão, o empresário Marcos Valério. O PP recebeu R$ 4,1 milhões do esquema. E o PTB recebeu em torno de R$ 5,5 milhões.

O dinheiro era repassado pelo PT para que os deputados votassem de acordo com os interesses do governo. O relator do processo citou, para comprovar a compra de votos, a aprovação das reformas Tributária e da Previdência. A troca de partidos, financiada pelo mensalão, também ajudaria o governo a obter maioria para a aprovação de projetos, especialmente das reformas que, por serem emendas constitucionais, exigiam maioria qualificada.

Na segunda-feira, o relator do processo já havia julgado que o governo Lula, por meio do PT, comprou o ingresso do PP na base aliada. A legenda apoiou a candidatura de José Serra (PSDB-SP) e, no início de 2003, mantinha-se na oposição ao governo. Depois, mudou de lado.

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