O Superior Tribunal Federal (STF) recebeu um dossiê do reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Janir Alves Soares, que insistiu em defender os acampamentos bolsonaristas em frente aos quartéis brasileiros e os atos golpistas em Brasília (DF), em 8 de janeiro.
Janir Alves argumenta que os atos de Brasília foram pacíficos e que a violência e vandalismo teriam sido praticados por “infiltrados”, com o objetivo de prejudicar os movimentos bolsonaristas.
O dossiê foi apresentado ao STF pelos deputados petistas Beatriz Cerqueira (PT) e Rogério Correia (PT), na última terça-feira (31), e acompanha uma série de polêmicas bancadas pelo reitor da UFVJM em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), questionando o resultado das eleições e atacando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A ação que iniciou as críticas ao reitor foi um ofício encaminhado por Janir Alves à Polícia Militar de Diamantina, em novembro, solicitando o envio de apoio policial aos manifestantes bolsonaristas que fechavam uma rodovia na cidade em protesto contra as eleições presidenciais.
No dossiê entregue ao STF consta a defesa do reitor apresentada à universidade. Ele critica a condução do processo eleitoral, classifica os manifestantes bolsonaristas de “patriotas” e afirma que as manifestações são garantidas pela lei. “Eu tenho o legítimo direito de publicar as minhas opiniões pessoais acerca de determinados temas e matérias, desde que não ultrapassem os limites da liberdade de expressão, inclusive no que diz respeito aos trâmites do processo eleitoral de 2022, sobre o qual permanecem muitas perguntas sem respostas”, disse Janir Alves.
A UFJVM também se manifestou por meio do Conselho Universitário e apresentou repúdio aos atos de violência cometidos em Brasília. A universidade também fez uma declaração sobre os posicionamentos adotados pelo reitor: “Torna-se necessário, ainda, registrar a nossa desaprovação no que se refere às manifestações públicas realizadas pelo dirigente máximo da UFVJM, que vem expressando aberto e enfá$co apoio aos mencionados atos antidemocráticos, em prejuízo dos princípios ins$tucionais e da imagem da universidade”.
Segundo a deputada Beatriz Cerqueira, o reitor tem cometido crimes contra o Estado Democrático de Direito e precisa ser responsabilizado. “Isso é incompatível com uma função tão importante quanto a de reitor de uma universidade pública”, afirmou a parlamentar.
Ela disse ainda que não é possível tolerar nenhum comportamento contra a democracia e diz esperar que o STF tome as providências necessárias.
A reportagem pediu um posicionamento do reitor Janir Alves sobre o dossiê e aguarda retorno.
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