Preocupado com o andamento da sessão desta terça-feira (30), que prometia ser longa, o presidente em exercício Michel Temer se reuniu, com Renan Calheiros, no final da manhã. Na conversa, Temer pediu ajuda a Renan para tentar apressar a sessão de fala dos 65 senadores que já estavam inscritos, embora, sendo político, sabia da dificuldade de ter seu pedido aceito.
Calheiros, no entanto, não encontrou eco em seus apelos junto aos senadores. Nenhum deles aceitou abrir mão de discursar na sessão que é considerada histórica e que está sendo transmitida ao vivo para todo o País.
O encontro serviu também para Temer e Renan discutirem o rito da sessão solene que terá de ser convocada para dar posse a Temer, após a aprovação do impeachment pelo plenário do Senado.
Temer quer que todos os seus ministros o acompanhem na cerimônia de posse no Congresso. A ideia que eles se encontrem no Planalto e sigam juntos para o Congresso. A ideia é que a cerimônia seja rápida e simples e, em seguida, Temer e os ministros voltem para o Planalto para uma reunião. A primeira-dama Marcela Temer não deverá acompanhar o presidente.
Durante o dia, o presidente em exercício, auxiliado pelos ministros Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Eliseu Padilha (Casa Civil), além dos senadores peemedebistas Romero Jucá (RR) e Eunício Oliveira (CE), conversaram com os parlamentares no intuito de mapear os votos e assegurar que o placar pró-impeachment estava confirmado. Temer também ligou pessoalmente para vários senadores, além de receber, no gabinete, Eduardo Braga (AM) e Rose de Freitas (ES).
Temer chegou ao Planalto nesta terça-feira às 9h30 da manhã. Sem agenda oficial, o presidente em exercício finalizou os termos do seu discurso, com seus principais assessores e seu marqueteiro Elsinho Mouco.
Na quarta-feira, dia da votação final, ele pretende ir logo cedo para o Planalto, para os preparativos para o "grande dia". A gravação do discurso que pretende colocar no ar em cadeia de rádio e TV à noite, deverá ser feito na volta do Congresso, depois da reunião ministerial, quando dará os primeiros recados ao País sobre o futuro.
A viagem para a China continua prevista para o final da tarde. Na Base Aérea de Brasília, será realizada a transmissão de cargo do presidente, já efetivo, para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Após assumir interinamente a Presidência, Maia pretende ir para o Palácio do Planalto.
A cerimônia de transmissão do cargo para Maia, no entanto, seguirá a prática dos governos petistas: será fechada à imprensa. Nos governos anteriores ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as transmissões de cargo na Base Aérea eram abertas à imprensa.
Nos 61 votos que o governo espera receber, Temer quer contar com o voto do senador Welington Fagundes (PR-MT), que está internado com diverticulite. No sábado à noite, o presidente em exercício fez questão de telefonar para Fagundes para lhe desejar melhoras. O senador prometeu ao Planalto estar presente em plenário para votar a favor do impeachment nesta quarta-feira.
Uma incógnita para o Planalto, no entanto, continua sendo o voto de Renan Calheiros. Na noite desta terça o governo evitava contar com ele em sua planilha.
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