(Moreira Mariz / Agência Senado)
O ministro Teori Zavaski, do Supremo Tribunal Federal (STF), ampliou para até novembro o prazo para conclusão da investigação em um dos inquéritos contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Nestes autos, Renan é investigado por supostamente ter recebido propina para evitar a instalação de uma CPI da Petrobras.
O Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura do inquérito em março deste ano, após pedido da Procuradoria-Geral da República.
O alargamento do prazo foi pedido pela Polícia Federal. "Defiro a prorrogação de prazo para conclusão das diligências restantes, solicitada pela autoridade policial (petição 49.823/2016) e ratificada pelo Procurador-Geral da República (petição 53.592/2016), até 26 de novembro de 2016, a teor do artigo 230-C, caput, e § 1º, do RISTF (Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal)", determinou Teori.
Em delação premiada, Carlos Alexandre de Souza Rocha, um dos entregadores de dinheiro de Alberto Youssef, cita conversas em que o doleiro mencionou pagamentos ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Rocha, conhecido como Ceará, disse que "várias vezes" ouviu Youssef falar no nome do peemedebista. Em uma delas, Youssef teria dito que repassaria R$ 2 milhões a Renan para evitar a instalação de uma CPI da Petrobras.
O entregador de dinheiro não soube precisar aos investigadores o ano em que a conversa teria ocorrido, nem se o pagamento foi feito.
De acordo com ele, a CPI não foi instalada naquela ocasião. "Mas Renan Calheiros não é da situação?", questionou Ceará a Youssef. O doleiro teria respondido, segundo o delator: "Ceará, tem que ter dinheiro pra resolver".
No depoimento à Procuradoria-Geral da República, o entregador de dinheiro de Youssef também menciona uma operação com entrega de R$ 1 milhão em Maceió.
Leia mais:
Gleisi critica Lava Jato no Senado, enquanto STF julga acusação contra ela
Em parecer, Janot pede ao STF que Bumlai continue preso
Lava Jato apura contatos de Odebrecht com Palocci desde 2004
Depois de toda a operação, que envolvia retirada de dinheiro no Recife e entrega em Alagoas, Estado de Renan, o doleiro teria dito a Ceará que o dinheiro seria destinado ao senador peemedebista.
O dinheiro foi entregue em duas parcelas em um saguão de hotel, segundo o delator, a um homem que o emissário de Youssef não soube identificar.
Ao chegar em São Paulo, irritado com a pressão do doleiro para que a entrega fosse feita rapidamente, o delator perguntou a Youssef quem iria receber o R$ 1 milhão levado a Maceió. "Que Alberto Youssef respondeu ao declarante em alto e bom som: 'O dinheiro era para Renan Calheiros'", disse o delator aos investigadores da Lava Jato, sobre a resposta de Youssef.
A terceira menção a Renan feita pelo delator menciona uma operação de venda da empresa Marsans, adquirida por Youssef, a um fundo de pensão.
De acordo com o entregador de dinheiro, o doleiro disse que "havia a participação de Renan Calheiros nessa operação". Ele não soube precisar aos investigadores, no entanto, detalhes sobre o caso e afirmou que em 2014 Youssef chegou a viajar a Brasília para conversar com o peemedebista a respeito, mas não conseguiu falar com o senador.
Os depoimentos de Ceará foram prestados entre o final de junho e o início de julho deste ano, na Procuradoria-Geral da República.
As declarações foram mantidas sob sigilo até este mês, quando o relator da Lava Jato no STF, ministro Teori Zavascki, retirou o segredo da documentação.
O senador Renan Calheiros nega enfaticamente recebimento de valores ilícitos. Desde que virou alvo da Procuradoria-Geral da República, o peemedebista tem reiterado que está à disposição da Justiça para esclarecimentos.