R$ 30 milhões

Valor já gasto em campanha por candidatos ao governo de Minas daria para criar 90 leitos de UTI

Jader Xavier
@ojaderxavierjsbarbosa@hojeemdia.com.br
16/09/2022 às 07:29.
Atualizado em 16/09/2022 às 15:50

(Editoria de arte)

(Editoria de arte)

Os gastos dos candidatos ao governo de Minas na campanha para as eleições deste ano já passam de R$ 30 milhões. O valor equivale a seis vezes a quantia que a Santa Casa de Belo Horizonte busca em uma campanha para restaurar os leitos de UTI atingidos por um incêndio em 27 de junho. Sem 40 das 50 unidades de terapia intensiva danificadas pelo fogo, cerca de 200 pessoas ficam sem atendimento todo mês.

Em mais de 40 dias da campanha "Santa Causa", apenas 30% da meta estipulada foi alcançada. A expectativa é conseguir cerca de R$ 5,4 milhões, porém, no prazo original (30 dias), foram arrecadados R$ 1,6 milhão. Por isso, a ação está sendo prorrogada até 30 de setembro.

Enquanto isso, os candidatos ao governo mineiro já consumiram mais de R$ 30 milhões em menos de 30 dias de campanha eleitoral. Alexandre Kalil (PSD) é o dono da ação mais cara, segundo balanços financeiros parciais divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira (15).

A campanha do ex-prefeito de BH já consumiu R$ 13 milhões, o que equivale a 42,86% do total dos gastos de todos os demais postulantes ao Palácio Tiradentes.

Em segundo lugar aparece o candidato do PL, Carlos Viana, que declarou R$ 6,3 milhões em despesas, seguido pelo candidato à reeleição, Romeu Zema (Novo), com R$ 5,6 milhões.

Zema, aliás, até o final da corrida eleitoral, deve ultrapassar os gastos que teve na campanha de 2018, quando foi eleito governador. Há quatro anos, o total de despesas do candidato do Novo foi de R$ 5,7 milhões.

Vale lembrar que a maior parte desses recursos é proveniente do Fundo Eleitoral ao qual os partidos têm direito. Para este ano, foram previstos R$ 4,9 bilhões. O fundo eleitoral foi criado em 2017 para suprir as doações antes feitas por empresas, mas proibidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2015. A verba é distribuída em anos de eleições municipais ou gerais.

Presidência
O valor pleiteado pela ação da Santa Casa de BH é menor do que um dia de gastos de campanhas dos candidatos à Presidência da República, segundo a prestação de contas parcial no TSE.
 
De 16 agosto a 8 de setembro, os candidatos ao Palácio do Planalto consumiram R$ 162,3 milhões nas campanhas das eleições de 2022. Restando pouco mais de duas semanas para o primeiro turno, as despesas correspondem a 78,04% do total arrecadado (R$ 208 milhões), levando-se em consideração todos os candidatos.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o dono da jornada mais cara até o momento, com R$ 52,4 milhões em gastos. Em seguida vem Simone Tebet (MDB), com R$ 32,9 milhões. A candidata do União, Soraya Thronicke, informou despesas de R$ 30,7 milhões, enquanto Ciro Gomes (PDT) diz ter gasto R$ 20,5 milhões durante a campanha. Já o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), relatou R$ 20,9 milhões de despesas à Justiça Eleitoral.

Gastos aprovados
Para o cientista político Adriano Cerqueira, professor do Ibmec e da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), os gastos milionários nas campanhas deste ano são resultado de um financiamento bilionário aprovado pelos deputados, senadores e pelo presidente da República.

“No Brasil já existem outras formas de o eleitor e do Estado ajudarem a financiar os partidos políticos, como o voto obrigatório, que retira dos partidos o custo de levar o eleitor às urnas; a propaganda eleitoral de rádio e TV; além do Fundo Partidário e, agora, o Fundão Eleitoral. Com isso, o montante de dinheiro do contribuinte investido em partidos e candidatos é muito elevado. E talvez pudessem ter sido melhor empregados em áreas mais carentes”, analisa o professor.

Senado
Candidatos mineiros ao Senado não têm segurado os gastos de campanha para as eleições deste ano. Balanço divulgado nesta quinta-feira (15) pelo TSE mostra que mais da metade dos concorrentes a uma vaga na Casa Legislativa já gastaram mais do que arrecadaram durante a campanha eleitoral. Somados os dados de todas as campanhas, o total de despesas (R$ 6,4 milhões) ultrapassa o de receitas (R$ 4,4 milhões) em 45%.

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