(Lucas Prates)
Apesar de a maioria dos vereadores de Belo Horizonte ser favorável a mudanças na forma como é concedida a verba indenizatória aos parlamentares, ainda não há consenso na Casa para colocar em pauta essas modificações. Na última segunda-feira (3), o presidente da Câmara Municipal, Léo Burguês (PTdoB), convocou a imprensa para anunciar a extinção da verba indenizatória. Entretanto, pelo menos dez dos 41 vereadores afirmaram que não foram consultados sobre as mudanças. Com isso, o projeto de resolução não teve apoio, e Burguês resolveu constituir uma comissão para estudar como seria feita a modificação da verba indenizatória. Nesta terça-feira (4), na segunda sessão do ano, muitos vereadores reclamaram publicamente por não terem sido consultados. Já o presidente pediu desculpas a eles, mas reiterou que os debates em torno da proposta seguirão sendo realizados, e assegurou ter maioria para votar o tema. Em discurso no plenário, Burguês leu uma nota oficial de seu partido, em que defende a licitação de 100% dos produtos e serviços utilizados pelos parlamentares. Um dos mais revoltados era o vereador Autair Gomes (PSC). Ele chegou a dizer que o presidente da Câmara estaria fora de si, e que sua estratégia teria sido eleitoreira. “Não estou me colocando contra ou a favor. Estou discutindo a vida da Câmara. O palanque que o senhor está utilizando para ir à Assembleia Legislativa não é legal. A gente não ganha com métodos que não são honestos. Foi de uma infelicidade muito grande a forma como o senhor está conduzindo esta questão. (...) O senhor surtou”, afirmou. O vereador, que votou em Burguês para a presidência, disse nesta terça-feira que, agora, ele não o representa. O presidente respondeu que não seria necessário conversar com todos os vereadores para se apresentar o projeto, já que ele tinha o apoio de toda a mesa diretora. “Basta que a mesa diretora estivesse de acordo, e nós estávamos 100% de acordo. Como alguns vereadores falaram sobre o modelo de licitação, preferi montar essa comissão para poder esclarecer ao conjunto da casa que ainda não sabia”, afirmou. Segundo o presidente, a licitação dos itens não atrapalhará o andamento dos mandatos. “Nós estamos mantendo a possibilidade de a pessoa ter o mesmo custeio, de maneira mais eficiente, e de maneira mais transparente, sem entrar no engessamento do mandato parlamentar”, garantiu. Quem também estava revoltado era o vereador Édson Moreira (PTN): Não é assim que se administra uma casa. Isso não é democrático!”, enfatizou.