Vereadores de São Joaquim de Bicas voltam a ser presos em operação do MP

Hoje em Dia*
09/04/2015 às 15:47.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:34

Dois vereadores de São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foram presos durante o cumprimento de uma mandando de prisão nesta quinta-feira (9). Eles foram detidos na continuidade da operação “Contra Legem”, do Ministério Público de Minas Gerais.   Os vereadores Cristiano Silva de Carvalho, o “Balança” (PMDB), e Enilton César da Silva, o “Niltinho” (PPS), ambos de 37 anos, foram levados para a 3ª Delegacia da Polícia Civil de São Joaquim de Bicas. Eles já tinham sido detidos no último 24 de março, na mesma operação. No dia, eles foram ouvidos e liberados.   Segundo o Ministério Público em Igarapé, o juiz Paulo Sérgio Néris decretou a prisão preventiva dos dois vereadores, por envolvimento em um esquema de recebimento de propina na cidade. A decisão determinou ainda, em caráter liminar, o imediato afastamento dos dois vereadores de seus cargos públicos e a continuidade do afastamento dos três que já se encontravam presos.     Os cinco vereadores foram denunciados pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa. As investigações identificaram que, entre 2014 e 2015, os agentes públicos solicitaram cerca de R$ 1,2 milhão de propina a empresários da região. A cobrança era uma condição para a aprovação de leis municipais de interesse dos particulares. O MP pediu ainda o arquivamento das investigações referentes a um sexto vereador, tendo em vista que o procedimento investigatório criminal não indicou, de forma concreta, sua concorrência na organização criminosa.    Entenda o caso   Ao todo, seis dos 11 vereadores de São Joaquim de Bicas, na Grande BH, foram detidos suspeitos de cobrarem R$ 1,2 milhão em propina de empresários interessados em negócios na cidade.   Entre os presos na ação conjunta do Ministério Público Estadual (MPE) e Polícia Militar, batizada de operação “Contra Legem”, na manhã de 24 de março, está o empresário e atual presidente da Câmara, Carlos Alberto Braga Fonseca, o Carlinhos da Funerária (PSB). O chefe do Legislativo é apontado como sendo o cabeça do esquema do “mensalinho” na Casa.    De acordo com os investigadores, o grupo de parlamentares apresentou projetos de lei modificando o plano diretor do município em favor de pelo menos seis empresas. Inicialmente, os empresários estão na condição de colaboradores do processo. O esquema de corrupção envolvendo mais da metade dos vereadores começou a ser investigado no fim do ano passado.   Farra das placas   Conforme o Hoje em Dia mostrou em janeiro, em uma série de reportagens sobre a farra das placas no Estado, Carlinhos da Funerária desfila pelas ruas da cidade dirigindo um Toyota Corolla XRS, com placa de táxi, apesar de nunca ter exercido a profissão.    Top de linha, o modelo do veículo do parlamentar tem preço estimado em R$ 80 mil, mas ele confirma ter comprado com os descontos previstos em lei para os taxistas.   Contra Cristiano da Silva de Carvalho, o Balança (PMDB), Enilton César da Silva, Niltinho (PPS) e Fábio Cândido Corrêa, Fabinho do Bar (PSDB) foram expedidos mandados de busca coercitiva. Eles prestaram depoimento e foram liberados.   Dez mandados de busca e apreensão de documentos foram cumpridos nos gabinetes dos vereadores, na sede do Legislativo local, e nas residências dos investigados. Foram apreendidas 25 sacolas com documentos e vários celulares.    O próximo passo da apuração é analisar os produtos apreendidos, ouvir os vereadores presos e cerca de oito testemunhas.   De acordo com os promotores de Justiça Paula Lino, Willian Garcia Pinto Coelho e Luciano Moreira de Oliveira, os parlamentares apresentaram projetos de lei alterando áreas rurais para urbanas. Em troca, exigiam propina de empresários de vários segmentos, entre eles do ramo imobiliário.   Em menos de seis meses os investigadores levantaram os indícios contra os suspeitos. Somente nesse período, eles exigiram R$ 1,2 milhão em propina. De acordo com a investigação, no entanto, não existem elementos de que eles conseguiram arrecadar essa quantia.   (* Com Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia)   Atualizada às 18h35

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