Visita de Dilma aos Estados Unidos é adiada por tempo indeterminado

Foi adiada por tempo indeterminado a visita de Estado da presidente brasileira aos Estados Unidos. Ela estava marcada para o dia 23 de outubro, dois dias depois da licitação do campo de Libra, na área do pré-sal, pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A viagem foi cancelada por causa das denúncias de espionagem norte-americana, via internet, na Presidência da República e na Petrobras. A licitação, porém, está mantida.

A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, confirmou ontem a data. Termina hoje o prazo para as petroleiras interessadas confirmarem a presença na licitação, e já o fizeram pelo menos 10 companhias. Não se sabe quantas dos Estados Unidos. A expectativa do governo é arrecadar mais de R$ 15 bilhões com o leilão e que todos os participantes tenham as mesmas informações sobre as áreas licitadas, independentemente da espionagem na Petrobras.

A nota oficial da Presidência da República comunicando o adiamento da visita declara que as práticas ilegais de interceptação das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro constituem fato grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais. E incompatíveis “com a convivência democrática entre países amigos”. Acrescenta que a viagem precisou ser adiada, em razão da ausência de apuração do ocorrido, de explicações e de compromisso de cessar as atividades de espionagem.

Não podia ser de outra forma. O importante é que tanto essa nota, como a que foi emitida também ontem pela Casa Branca, apontam para a importância do relacionamento bilateral entre as mais poderosas nações da América do Norte e do Sul. Ele deverá continuar, segundo a nota de Brasília, fundado no respeito e na confiança mútua, para promover o crescimento econômico e a geração de emprego e renda. Já a nota de Washington afirma: “O presidente Obama e a presidente Rousseff aguardam a visita de Estado, que celebrará nossa extensa relação e não deve ser obscurecida por uma questão bilateral singular, independentemente da importância e do desafio de tal questão”.

Os dois presidentes haviam conversado por telefone anteontem, e Obama teria se comprometido a procurar um caminho diplomático com Dilma para solucionar o desconforto provocado na relação bilateral entre seus países. A nota da Casa Branca informa que o caso está sendo estudado, “mas o processo pode levar meses para ser concluído”. O tempo pode ser um bom conselheiro.