(Samuel Costa)
O PSDB não deve entregar novos votos para ajudar o presidente Michel Temer a barrar na Câmara dos Deputados a segunda denúncia contra ele, mesmo após contar com o apoio massivo do PMDB para salvar o senador Aécio Neves (MG). Segundo líderes tucanos na Câmara e no Senado, a bancada continuará dividida e deve registrar placar parecido com o da primeira denúncia, quando deu 22 votos a favor e 21 contra Temer.
"O número de votos vai ser igual ao da primeira, ou seja, a bancada continuará dividida", disse o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP). Ele ressaltou que, em razão do racha, deve liberar a bancada para votar como quiser, assim como fez na primeira denúncia contra o Temer, por corrupção passiva. A bancada tem atualmente 44 deputados federais.
Para o deputado Rocha (AC), que votou contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no dia 18, não há motivos para mudanças a favor do presidente. "Os fatos são quase os mesmos, pois a segunda denúncia é a continuidade da primeira." Ele negou que haja um acordo entre o partido e o PMDB e avaliou que Temer deve perder apoio de alguns tucanos.
"Eu não fui procurado. Ninguém me ofereceu nada, mas no partido tem um grupo que é governista. A tentativa de convencer um ou outro é legítima, mas sem cooptação, tanto é que cinco dos sete votos do PSDB na Comissão de Constituição e Justiça foram pela investigação. Hoje, acho que temos maioria no plenário (a favor da denúncia) por dois ou três votos."
Mesmo deputados que votaram a favor de Temer na primeira denúncia dizem que ele deve perder apoio. "Alguns estavam viajando na votação, então pode ser que aumente mesmo (os votos contra Temer), mas por uma questão política; juridicamente ficou claro que não tem consistência a denúncia", disse o deputado Izalci (DF), que apoia Temer. No último pleito, quatro tucanos estavam ausentes.
O deputado Domingos Sávio (MG), que votou a favor de Temer na primeira denúncia, tem entendimento semelhante, mas não garante o mesmo voto.
"Acredito que não muda nenhum voto e, se mudar, talvez mude contra o presidente." Ele afirmou que vai repensar o seu posicionamento no fim de semana, após conversar com prefeitos e líderes da sua base. "Estou analisando para ver se tem alguma denúncia, até agora parece que não tem fundamentos, mas não tomei minha decisão. Vou me reunir com prefeitos, com lideranças, para fazer uma análise."
O deputado Pedro Vilela (AL), que faltou na última votação, disse que ainda avalia o parecer do relator Bonifácio de Andrada (MG) pró-Temer. "A votação de Aécio não tem relação nenhuma." Nos bastidores, a deputada Shéridan (RR), que também faltou na votação da primeira denúncia, é vista como uma das parlamentares que podem mudar de voto.
Primeiro vice-presidente do Senado, o tucano Cássio Cunha Lima (PB) afirmou que o resultado favorável a Aécio não vai mudar os votos do PSDB. "Não há correlação entre o que houve aqui no Senado e o que acontecerá na Câmara." Na votação no Senado, o PMDB deu 19 votos para salvar Aécio e dois contra o senador.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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