'Vou exercer o direito ao silêncio', diz Vaccari a promotor que investiga Lula

Estadão Conteúdo
02/03/2016 às 17:36.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:39
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto recusou-se nesta quarta-feira (2), a responder perguntas do promotor de Justiça Cássio Conserino, que investiga o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o tríplex 164/A do Condomínio Solaris, no Guarujá. "Vou exercer o direito ao silêncio", repetiu várias vezes Vaccari.

Preso na Operação 'Lava Jato' desde abril de 2015, o ex-tesoureiro já foi condenado em uma ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro. Em uma cela do Complexo Médico Penal de Pinhais, nos arredores de Curitiba - base da investigação -, ele aguarda sentença em outro processo criminal em que é réu por suposto repasse de propinas para o seu próprio partido disfarçada de doação oficial no montante de R$ 2,4 milhões.

Vaccari presidiu a Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo (Bancoop) entre 2005 e 2010. A Bancoop foi a responsável pelo Solaris até que entrou em declínio e transferiu a obra na beira mar para a OAS, empreiteira cujo dono, Léo Pinheiro - também alvo da 'Lava Jato' - é muito próximo de Lula.

A suspeita de Conserino é que o ex-presidente seria o verdadeiro proprietário do tríplex, o que é negado enfaticamente pelos advogados do petista. O promotor investiga se a OAS bancou reforma milionária no imóvel, promovendo adaptações e até instalação de cozinha de alto padrão para presentear a família de Lula.

O promotor pretendia obter novas informações no interrogatório de Vaccari, mas o ex-tesoureiro permaneceu em silêncio durante a audiência, realizada em Curitiba. "Vou exercer o direito ao silêncio", limitou-se a dizer Vaccari o tempo todo.

O promotor pretende, agora, ouvir Lula, a ex-primeira dama Marisa Letícia, e o filho mais velho do casal, Fábio Luiz. Mas a família Lula já avisou, por seus advogados, que não vai à audiência marcada para esta quinta-feira (3). O escritório de Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, defensores do petista, enviou explicações por escrito à Promotoria e ingressou com pedido de habeas corpus preventivo no Tribunal de Justiça de São Paulo para evitar o risco de uma condução coercitiva.
 

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