Políticos no ‘listão da Odebrecht’ alegam que doações foram legais

Ezequiel Fagundes e Janaína Oliveira
primeiroplano@hojeemdia.com.br
24/03/2016 às 07:59.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:37
Policiais federais e civis cumprem 32 ordens judiciais (Agência Brasil)

Policiais federais e civis cumprem 32 ordens judiciais (Agência Brasil)

Os políticos mineiros que apareceram na “superplanilha” negaram qualquer irregularidade. Eles alegam que as doações de recursos da Odebrecht foram legais e registradas junto à Justiça Eleitoral.

Em nota, o PSDB afirmou que as doações mencionadas constam da prestação de contas do diretório estadual do partido em 2010 e da conta de campanha eleitoral.

“Elas foram realizadas pela empresa Leyroz de Caxias Indústria Comércio e Logística LTDA, cujos dados também constam nas planilhas ontem divulgadas”, informou.

Segundo a nota, a empresa citada efetuou um depósito na conta de campanha da legenda no valor de R$ 1,6 milhão, na data de 28/09/2010. Em 21/09/2010, a mesma companhia efetuou um depósito na conta de campanha do senador Aécio Neves no valor de R$ 96 mil.

“A prestação de contas de campanha do PSDB de Minas Gerais em 2010 e do senador Aécio Neves foram julgadas e aprovadas sem ressalvas pela Justiça Eleitoral”, finalizou.

Também por meio de nota, o Diretório Municipal de Belo Horizonte do PSB informou que todas as doações para a campanha do prefeito Marcio Lacerda em 2012 obedeceram as normas da legislação eleitoral e estão declaradas na prestação de contas registrada no TRE, que foi aprovada sem ressalvas.

Outro mineiro citado na lista, o deputado federal Luiz Fernando Faria (PP) afirmou que todas as doações viabilizadas para campanhas do partido foram declaradas à Justiça Eleitoral, cumprindo todos requisitos da lei em vigor à época.

“Jamais existiu doação que, por intermédio do deputado Luiz Fernando Faria, para seu partido ou candidatos do PP, não tenham sido devidamente declaradas ao rigor da legislação”, informou, via assessoria.

O vereador Pablito (PSDB) disse que todas as doações recebidas nas campanhas eleitorais foram declaradas junto ao TRE e se encontram aprovadas. “As informações estão disponíveis para consulta pública no site do TSE”, afirmou.

O deputado Silas Brasileiro (PMDB) informou, por meio de nota, que “o fato de meu nome constar em uma das listas que foram divulgadas na internet não torna ilícita a doação recebida em minha campanha de 2010 e, menos ainda, representa prova de que tenha sido oriunda de pagamento escuso e/ou que esteja sendo alvo das referidas investigações da Polícia Federal”. Ele ressaltou que a supracitada doação de campanha no valor de R$ 40 mil foi devidamente registrada e aprovada pelo TSE à época.

Ex-prefeita e ex-deputada Maria do Carmo Lara disse que as doações de campanha estão disponíveis no site do TSE e foram todas efetuadas dentro da legalidade.

O ministro Patrus Ananias usou a rede social para se manifestar. “Reafirmo minha posição – já inúmeras vezes repetida – contra o financiamento empresarial de campanhas eleitorais. Esclareço também que todas as doações à campanha de 2012 foram recebidas das instâncias partidárias e todas as contas aprovadas pela Justiça Eleitoral”, escreveu.

Os demais mineiros citados na reportagem ao lado não foram localizados.

Saiba mais

Apontado como um dos responsáveis pelo repasse de R$ 15,5 milhões para uma pessoa identificada apenas como “Mineirinho”, o diretor presidente da Odebrecht em Minas, Sérgio Luiz Neves, embarcou ontem à tarde no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, rumo a Curitiba, no Paraná.

Preso na terça à noite dentro na 26ª etapa da operação “Lava Jato”, batizada de Xepa, Sérgio Neves foi flagrado pelo Hoje em Dia quando era escoltado por dois agentes da Polícia Federal (PF) no terminal.

Vestido com camisa polo rosa, calça jeans e tênis, o executivo foi sucinto ao ser abordado pela reportagem. “Não posso falar”, disse ao Hoje em Dia. Sérgio vai cumprir mandado de prisão temporária de cinco dias.

De acordo com a força-tarefa da “Lava Jato”, o esquema secreto de pagamento de propina da Odebrecht movimentou pelo menos R$ 66 milhões.

Entre os beneficiários dos pagamentos ilícitos, identificados por codinomes e senhas, os federais vão se debruçar para esclarecer quem seria “Mineirinho”. O apelido é citado quatro vezes nas páginas 17 e 18 no despacho do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela “Lava Jato” em Curitiba.

De acordo com o magistrado, “Mineirinho” recebeu R$ 15,5 milhões do esquema secreto de propina operado pela Odebrecht no período de 01/10/2014 a 19/12/2014.

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