Problemas clínicos e emocionais não são os únicos fatores de risco para a fertilidade. Também podem interferir negativamente a exposição de homens e mulheres à poluição e a ingestão involuntária de produtos derivados de combustível fóssil. Isso segundo estudo publicado em dezembro de 2021 na revista científica Nature Reviews Endocrinology.
A pesquisa liderada por Niels Erik Skakkebaek, professor da Universidade de Copenhague (Dinamarca) também teve a participação do professor Luiz Renato de França, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
"As substâncias químicas que vazam dos produtos industrializados, como o bisfenol A e os ftalatos, ambos derivados dos combustíveis fósseis, entram em contato com o corpo e mimetizam ou inibem hormônios como estrógenos e a testosterona. Os dois são muito importantes para os tratos reprodutores masculino e feminino e que muitas vezes têm funções diferentes nos dois sexos", explica o professor da UFMG ao site da instituição.
O bisfenol A é um composto químico que pode ser encontrado em plásticos que apresentam policarbonato na composição, como óculos, acessórios de automóveis e revestimentos internos de latas que acondicionam alimentos.
Já os ftalatos, derivados do ácido ftálico, são utilizados como aditivo para deixar o plástico mais maleável e encontrados em cosméticos, brinquedos e aparatos médicos.
Tanto o bisfenol A como o ftalatos são compostos cancerígenos provenientes de combustíveis fósseis associados a anomalias no sistema reprodutivo, de acordo com o estudo.
Poluição
Outro fator de infertilidade, segundo Luiz Renato de França, é a poluição do ar. Uma evidência do efeito dela na saúde reprodutiva pode ser vista pelo número cada vez menor de gêmeos nascidos na última década, indicando que a qualidade dos espermatozoides e ovócitos (células que se tornam óvulos) tem reduzido nas regiões mais industrializadas.
A soma da poluição com os dois compostos perigosos pode desregular o sistema endócrino, comprometendo os testículos, ovários e tireoide, analisa o professor da UFMG.
'Respirar o ar poluído pela queima de combustíveis fósseis e consumir, cotidianamente, produtos como cosméticos, materiais de construção, roupas, brinquedos e fármacos derivados desses combustíveis representa risco constante", conclui o pesquisador brasileiro ao site da universidade.
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