(Lucas Prates)
Poucas horas após a alta de PIS e Cofins ser publicada no Diário Oficial, quase todos os postos de Belo Horizonte já haviam revisado para cima o preço do combustível. Em alguns casos, os estabelecimentos aumentaram o valor acima da revisão anunciada pelo governo, de R$ 0,41 no litro da gasolina.
No Posto MG, no Salgado Filho, a gasolina bateu R$ 3,99 após uma alta de R$ 0,50. Elevação de R$ 25 por um tanque de 50 litros.
Segundo o proprietário Leonardo Oliveira, o posto apenas repassou o aumento do combustível que chegou da distribuidora. “Fizemos o repasse integral dos impostos. Ninguém gosta de aumento e não é o momento para isso. Mas o Brasil precisa pensar no déficit fiscal”, afirma.
No posto Fazenda Velha, na avenida Cristiano Machado, a gasolina saltou de R$ 3,29 para R$ 3,88, elevação de R$ 0,59, R$ 0,18 a mais do que o reajuste. Nesse caso, um tanque de 50 litros fica R$ 29,5 mais caro.
Quem abastece um tanque por semana nesse posto terá gasto, em um ano, R$ 1.534 a mais com o combustível.
Bolso
Os consumidores rechaçaram o aumento. O professor universitário Mardem Alencar fez as contas de quanto seria o impacto no bolso. E ficou assustado. “Abasteci hoje (ontem) e gastei R$ 20 a mais. Isso, em um posto que aumentou R$ 0,40. Por mês, vou gastar R$ 80 e, por ano, R$ 1.040. O governo não sabe gastar e quem paga a conta é sempre o contribuinte. E nós podemos esperar reflexo em outros setores, como alimentação, por causa do frete”, lamenta.
Vale ressaltar que, no caso do diesel, espera-se aumento de R$ 0,21 no litro. O etanol também subiu pelo menos R$ 0,21.
Frete
Segundo o coordenador do curso de Economia do Ibmec, Márcio Salvato, o impacto em outros setores da economia é certo. “Todos os setores que têm custo de transporte serão afetados. Nos que o transporte é o negócio, o reflexo será direto”, afirma.
Ainda de acordo com ele, o governo não está preocupado com o reflexo da medida na inflação porque ela está abaixo da meta estipulada, que varia de 4,5% a 6,5% ao ano. “Mas o consumidor vai sentir a alta no bolso, é inevitável”, diz.
Nota do presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), Emerson Luiz Destro, confirma a fala de Salvato.
“Para atender mais de 1 milhão de varejistas pelo Brasil, o setor possui uma frota de mais de 155 mil veículos, entre próprios e terceirizados, rodando diariamente. O aumento de combustível implicará em um novo sacrifício para se ajustar num cenário que já é conturbado economicamente”, diz o texto.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), que representa os postos, também criticou o reajuste. “O Minaspetro faz público o seu repúdio ao reajuste de alíquotas de PIS/COFINS incidentes sobre os combustíveis revendidos em todo o território nacional”, diz nota da entidade, que representa 4 mil estabelecimentos no Estado.
“É de conhecimento geral que a alta carga tributária é um dos principais vilões do empresariado em todo o país. Esse ônus sufoca os empreendedores, fecha dezenas de vagas de emprego e freia o crescimento sustentável do Brasil. O aumento de taxas significa, de certa forma, a transferência de renda do consumidor para o governo, sendo os estabelecimentos comerciais (neste caso os postos de combustíveis) apenas um agente arrecadador do Estado durante este processo”, diz o texto.
Na contramão
Alguns postos esperaram acabar o estoque para reajustar o preço. Enquanto isso, eles venderam combustível mais barato. É o caso do posto Leste Oeste, localizado na Teresa Cristina, no Calafate.
O preço da gasolina foi mantido a R$ 3,297 até às 14 horas, quando o estoque acabou e o combustível novo, e mais caro, entrou em cena. O litro foi reajustado para R$ 3,69, R$ 0,40 mais caro. A fila para abastecer chegou a atravessar a avenida.