Em meio a uma desolação total, os sobreviventes do deslizamento de terra que atingiu uma aldeia no nordeste do Afeganistão pediam neste domingo (4) ajuda urgente, depois da morte de pelo menos 300 pessoas na tragédia que transformou o povoado em cemitério. O deslizamento de terra aconteceu na sexta-feira no distrito de Argo da província de Badakshan, uma região pobre e montanhosa na fronteira com Tadjiquistão, China e Paquistão, relativamente poupada da violência dos insurgentes talibãs. A chuva torrencial causou uma avalanche de toneladas de lama e pedras que desceu por um vale e atingiu a localidade de Aab Bareek. O deslizamento destruiu centenas de casas e deixou pelo menos 300 mortos, de acordo com as autoridades. O presidente Hamid Karzai decretou luto nacional neste domingo em homenagem às vítimas, e as bandeiras afegãs tremulavam a meio mastro nos edifícios do governo. Em Aab Bareek, a tragédia deixou 700 famílias em situação de miséria absoluta, e muitas delas passaram as duas últimas noites a poucos metros das ruínas de suas casas. "Estava comendo quando tudo aconteceu", explicou Begum Nisa, de 40 anos. "Escutei um barulho grande, como um rugido, e percebi que era um deslizamento de terra. Gritei para a meus parentes: 'Corram'. Mas já era tarde demais. Perdi meu pai, minha mãe, meu tio e outros cinco membros da minha família", acrescentou. As operações de buscas destinadas a encontrar sobreviventes foram concluídas oficialmente no sábado e as autoridades tentam agora ajudar os desabrigados, com o auxílio de organizações humanitárias.