O microempresário da área de alimentos Sebastião do Nascimento compara a relação com planos de saúde com um casamento infeliz. "No começo é 'meu bem para cá, meu bem para lá'. Depois, quando a coisa aperta, a coisa muda para 'meus bens para cá, mens bens para lá'." Há seis anos, diante da dificuldade em contratar um plano individual, o empresário fez um contrato de plano empresarial para ele e outras 14 pessoas, entre funcionários de sua empresa e parentes.
"Nos primeiros anos, tudo correu como esperado. Mas também não usávamos o plano. Era uma consulta aqui, um exame ali", recorda. A situação mudou quando um dos integrantes do grupo precisou fazer uma cirurgia de hérnia. "Já tinha ouvido sobre o risco de aumento de preços quando uma das pessoas adoece. Mas essa cirurgia é tão simples, não imaginava que seria assim." A confirmação veio em abril, com reajuste de 27%.
"O interessante é que as operadoras, às vezes, atribuem o aumento da mensalidade à elevação dos gastos em saúde", diz a advogada Renata Vilhena. Uma das estratégias usadas pela advogada, nos casos em que defende, é justamente pedir para que as empresas comprovem o aumento. "Os dados nunca são repassados."
A advogada do Instituto de Defesa do Consumidor Ana Carolina Navarrete afirma que, em muitos casos, a Justiça entende que a nesses planos falsos coletivos devem ser aplicadas as regras dos planos individuais.
Já a presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar, Solange Beatriz Mendes, elogia o formato proposto pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mas defende clareza na venda dos planos. "As principais características do contrato devem ser informadas. A regra do cálculo do aumento, as normas de rescisão com novos contratantes."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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