Preços sobem até 142% na Ceasa

Lucas Borges
lborges@hojeemdia.com.br
25/05/2018 às 22:33.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:17
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

O setor alimentício é um dos mais prejudicados pela paralisação dos caminhoneiros. O bloqueio das estradas já levou à escassez de produtos e ao encarecimento de vários itens. Além disso, há empresários que garantem amargar prejuízo de R$ 5 milhões desde o início do protesto, iniciado na madrugada da última segunda-feira.

Na CeasaMinas, um dos principais centros de abastecimento do Estado, a situação se agrava a cada minuto. Basta entrar nos imensos galpões, normalmente lotados de comerciantes e clientes, para notar a queda no movimento. 

Sem os caminhões para abastecer os estoques, os hortifrútis estão cada vez mais escassos. Dos 48 itens normalmente comercializados na CeasaMinas, 18 estão em falta, como a batata inglesa, os ovos e a cenoura. 

A baixa oferta fez com os produtos que ainda restam no estoque apresentem alta nos preços nos últimos dois dias. Entre os que tiveram maior reajuste estão o chuchu, que passou de R$ 0,26 o quilo para R$ 0,63, elevação de 142%; o morango, que saltou de R$ 6,70 para R$ 12 (79%) e o limão Thaiti, que custava R$ 2,50 e atingiu R$ 4 o quilo (60%). 

Prejuízo 
Proprietário da NL Frutas e Legumes, localizada na CeasaMinas, o empresário Luiz Claudio Castro afirma que a paralisação dos caminhoneiros já tem prejudicado os negócios. “O principal prejuízo é a falta de receita. A folha de pagamento, a contratação dos profissionais, tudo paralisou. Desde o início da greve deixei de arrecadar cerca de R$ 5 milhões”, desabafa. 

Josenício dos Santos Pereira, que trabalha como caminhoneiro há 38 anos, veio de Janaúba, no Norte de Minas, com uma carga de banana, no domingo. Ainda sem poder voltar para casa, ele afirma que entre despesas com o combustível e a manutenção do caminhão sobram apenas cerca de R$ 400 por frete. 
Com o receio de um aumento ainda maior nas despesas, o caminhoneiro justifica a adesão à paralisação. “Por isso eu aderi à greve. Eu não queria ver a Ceasa assim, vazia, mas é necessário para as pessoas verem que a gente não aguenta mais”, afirma. 

 

Cirurgias eletivas são suspensas na rede pública estadual

Os impactos gerados pela greve dos caminhoneiros chegaram aos hospitais. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas (SES-MG) informou ontem que as cirurgias eletivas foram suspensas em todos os hospitais da rede pública do Estado.

Segundo a SES-MG, a decisão partiu dos próprios municípios, tendo em vista que a prioridade são os casos de urgência e emergência. 
O hospital da Unimed-BH também irá priorizar os procedimentos cirúrgicos emergenciais, em detrimento das cirurgias previamente agendadas. O atendimento feito por ambulâncias também será restrito aos casos mais extremos. 

Comércio
O economista da Fecomércio Guilherme Almeida disse que o comércio da capital já tem sentido a mudança de comportamento dos consumidores. 
“O risco de desabastecimento de produtos considerados essenciais, como alimentos, combustíveis e medicamentos, tem aumentado as compras desses itens. Em contrapartida, as vendas de eletrodomésticos e eletroele-trônicos caiu nesta semana”, avaliou.

Para ele, o comércio deve voltar ao normal em 45 dias. Esse será o período para avaliar os estoques e receber novas remessas de produtos.
Outro setor que já começou a sentir os impactos foi o e-commerce. Segundo o economista, a interrupção do cronograma de entregas deve ser normalizado em dois meses, já que o transporte é feito, em 90%, por caminhões. 

Segundo pesquisa realizada pela EBIT, empresa referência em informações sobre o comércio eletrônico nacional, a expectativa de crescimento do setor, em maio, foi reduzida de 20,7% para 13,3%, na comparação com o mesmo período de 2017.

 

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