Em sua primeira viagem aos Estados Unidos como chefe de estado, que se inicia neste domingo, o presidente do Afeganistão tem a chance de realizar um marco histórico, possibilitando a ambos os lados renovar as conturbadas relações entre os dois países.
Ashraf Ghani enfrenta uma tarefa difícil: a visita pode definir o tom para os próximos anos. Mais precisamente, Ghani precisa acertar um compromisso firme de apoio militar norte-americano em sua luta contra o Taleban e outros grupos insurgentes, incluindo uma filial do Estado Islâmico, que ele e os líderes militares dos EUA temem que esteja encontrando uma posição segura em território afegão.
O relacionamento de Ghani com Washington contrasta com o de seu predecessor, Hamid Karzai, cujo antagonismo para com os EUA culminou em uma recusa em assinar acordos de segurança com Washington e com a OTAN antes de deixar o cargo. Ghani assinou os acordos dias após se tornar presidente, em setembro, e desde então tem mantido uma relação estreita com diplomatas e chefes militares norte-americanos.
"É importante para o Afeganistão que os Estados Unidos tenham confiança nos líderes do país e utilizem esta visita para mostrar seu apoio ao novo governo", disse o analista político afegão Jawed Khoistani. "A longo prazo, a presença americana no Afeganistão é essencial."
A viagem de uma semana de Ghani acontece enquanto o exército afegão está travando sua primeira ofensiva solitária contra o Taleban na província de Helmand, no centro-sul do país, buscando uma vitória decisiva como prova de que pode levar adiante uma batalha sem os EUA e a OTAN, que se retiraram do Afeganistão no final de 2014.
Ghani, que estava pessoalmente envolvido no planejamento da operação Helmand, lançada em fevereiro, pedirá aos EUA um apoio na ofensiva, incluindo suporte aéreo, disseram oficiais próximos ao presidente afegão, falando na condição de anonimato.
Ainda existem 13 mil soldados estrangeiros no Afeganistão, cerca de 9,8 mil norte-americanos, 3 mil da OTAN - menos que o pico de 140 mil que estavam no país entre 2009-2010. Aqueles que ainda estão no país realizam treinamento e apoio às forças de segurança afegãs, e reforçam batalhas apenas quando necessário. Fonte: Associated Press
http://www.estadao.com.br