BUENOS AIRES - A duas semanas da próxima cúpula do Mercosul, que será realizada em Caracas, na Venezuela, no dia 31, o presidente do Uruguai, José Mujica, pediu mudanças no bloco regional. Segundo ele, o Mercosul deve ajustar sua parte jurídica "no possível ao que somos hoje e não ao que sonhamos que deveríamos ser".
"Não podemos continuar com uma espécie de mentira institucional, em que temos uma letra e vamos por outro caminho", afirmou Mujica no fim de semana em entrevista ao canal de TV 4, de Montevidéu.
Para o mandatário, o Mercosul conta com um sistema jurídico que não funciona para que seus membros resolvam diferenças e conflitos. "Seria melhor que fôssemos sinceros, que se esses mecanismos não nos servem, tratemos de construir outros que sejam flexíveis, que respondam mais à época atual."
As declarações de Mujica são endereçadas principalmente à Argentina, já que os dois países estão em crise desde o começo de outubro.
O Uruguai apresentou uma queixa ao Mercosul, depois que a Casa Rosada proibiu exportadores argentinos de fazer transferência de carga nos portos do país vizinho. Com isso, estima-se que o porto de Montevidéu perca US$ 80 milhões em receita.
O governo de Mujica diz que a medida argentina seria uma represália, porque em outubro o Uruguai autorizou o aumento de produção da papeleira UPM. A fábrica fica na cidade Fray Bentos, situada à beira do rio Uruguai, que tem administração compartilhada com a Argentina. A Casa Rosada diz que a medida provocará danos ambientais à Argentina e prometeu levar a questão ao Tribunal Internacional de Haia.