Presidente italiano concede clemência a militar italiano condenado

AFP
05/04/2013 às 17:43.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:35
 (Andreas Solaro)

(Andreas Solaro)

ROMA - O presidente italiano, Giorgio Napolitano, concedeu nesta sexta-feira (5) o perdão presidencial a um militar americano que foi condenado por seu envolvimento indireto no sequestro em 2003 do imã egípcio Abu Omar na Itália.

"O presidente (...) concedeu graça ao coronel Joseph L. Romano III depois da confirmação de sua condenação" a cinco anos de cárcere, de acordo com um comunicado da Presidência.

O imã egípcio Abu Omar, que tem como verdadeiro nome Osama Hassan Nasr, era um membro da oposição radical islâmica que havia recebido asilo político na Itália.

Ele foi sequestrado em uma rua de Milão (norte), em fevereiro de 2003, durante uma operação coordenada entre a inteligência militar italiana (SISMI) e a CIA, e depois transferido para o Egito. Seus advogados alegaram que ele tinha sido torturado na prisão de segurança máxima onde ficou detido no Egito e exigiram 10 milhões de euros em indenização.

O julgamento em primeira instância, iniciado em junho de 2007, foi o primeiro na Europa sobre as transferências secretas da CIA de suspeitos de terrorismo para países conhecidos pela prática da tortura, após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

O coronel Romano era na época chefe de uma base militar da Otan em Aviano, no nordeste da Itália, por onde passou o comboio transportando Abu Omar depois de seu sequestro.

O comunicado presidencial indica que Napolitano concedeu sua graça "em primeiro lugar porque o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, colocou um fim a certas práticas (...) consideradas pela Itália e pela União Europeia como incompatíveis com os princípios básicos do Estado de Direito".

O presidente americano decidiu pôr fim às transferências secretas, possibilitando ao presidente italiano "exercer seu poder de clemência para resolver uma situação delicada nas relações bilaterais com um país amigo", segundo o comunicado.

Vinte e três americanos estavam envolvidos no sequestro, a maioria dos quais eram membros da CIA, assim como vários executivos do SISMI italiano, incluindo seu ex-chefe. Todos foram condenados a penas de prisão neste caso.

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