Um homem preso nesta quinta-feira, 6, no Rio, por porte ilegal de arma, é suspeito de ser o verdadeiro assaltante da copeira Dalva Moreira da Costa, de 51 anos, que havia acusado o ator Vinícius Romão, de 26, pelo crime. Assim como o verdadeiro ladrão, Romão é negro e usava roupas pretas. O ator ficou 16 dias preso. A copeira admitiu ter se enganado ao reconhecê-lo como autor do roubo e pediu desculpas.
Desde a libertação de Vinícius a polícia procura o verdadeiro criminoso. O homem preso nega o crime. Policiais civis da 26ª DP (Todos os Santos) faziam uma operação de repressão a roubos no bairro da zona norte do Rio, anteontem à noite, quando receberam denúncias de que Dione Mariano da Silva, de 24 anos, é o verdadeiro ladrão de Dalva. Detido em um lava-jato, ele contou que é usuário de cocaína e maconha, abandonou a família, que mora em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e dorme na rua. Mas negou que tenha assaltado a copeira.
Entre seus pertences havia um par de tênis, e dentro de um dos calçados os policiais encontraram um revólver municiado. Dione, que já tem passagens por furto e esteve preso entre 25 de março e 13 de abril de 2013, foi detido pelo porte da arma. A Polícia Civil informou que ainda não considera Dione o assaltante da copeira, mas apenas um suspeito, com base nas denúncias. Ela será chamada à delegacia para fazer o reconhecimento.
Acusação.
Vinícius Romão, de 26 anos, é psicólogo, atuou como figurante na novela "Lado a Lado", da TV Globo, e trabalha como vendedor em uma loja de roupas. Em 10 de fevereiro ele estava voltando para casa, no Méier (zona norte), quando foi abordado pelo policial civil Waldemiro Antunes de Freitas Junior, da 11ª DP (Rocinha), que lhe apontou uma arma. A copeira Dalva havia tido a bolsa roubada e pediu ajuda ao policial, que passava ocasionalmente pelo local.
Após descrever o ladrão como negro com cabelo estilo black power e camiseta preta, os dois avistaram Vinícius, que tinha essas características, e o policial o deteve. A conduta do agente está sendo investigada pela Corregedoria da Polícia Civil. Em depoimento na 25ª DP, Dalva afirmou ter reconhecido Vinícius, preso em flagrante. "Na hora não pude falar com ninguém. Passei a primeira noite na delegacia, e no dia seguinte fui levado ao presídio", contou Vinícius.
Amigos denunciaram o caso pela internet, gerando repercussão. A copeira voltou à delegacia e admitiu que pode ter confundido o autor do crime. O advogado Rubens de Abreu pediu liberdade provisória a Vinícius, alegando que ele tem emprego e residência fixa, e o pedido foi atendido pela Justiça. Vinícius foi libertado do presídio Patricia Acioli, em São Gonçalo (Região Metropolitana do Rio), no dia 26 de fevereiro.
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