(Malú Damázio / Hoje em Dia)
Insultos sobre cor de pele, peso, trejeitos, condição social. Na adolescência, essas são algumas das características usadas para a prática de bullying no ambiente escolar. Contudo, por trás desses atos, especialistas acreditam estar um índice preocupante: o suicídio entre jovens.
Por ano, cerca de 11 mil pessoas entre 15 e 25 anos tiram a própria vida no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. O autoextermínio é a quarta causa mais comum de mortes na faixa etária. Quem trabalha na prevenção do problema defende a necessidade de debate aberto nas escolas sobre o tema.
A ideia foi defendida nessa sexta-feira, durante o 8° Simpósio Internacional de Prevenção do Suicídio, realizado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), em Belo Horizonte. Voluntários e profissionais trocaram experiências baseadas nos atendimentos feitos a pessoas que procuraram o serviço em busca de ajuda neste momento delicado.
Pedido de socorro
Uma das histórias era de um jovem do Paraná que já havia contactado o CVV 17 vezes pedindo socorro, pois pensava em tirar a vida devido aos ataques que sofria por ser homossexual.
Para Adriana Rizzo, voluntária do programa, é preciso que gestores da educação e profissionais da área pensem em formas de trabalhar o tema nas escolas, sem tratá-lo como tabu, já que faz parte dos problemas juvenis.
“Esse é o ambiente em que temos mais incidência do bullying. Isso vai gerar no indivíduo adulto uma série de coisas. Porque quem comete o suicídio tem uma história, não é algo que surge do nada”, opinou Adriana.
Ouvir e aceitar
A psicóloga Andrea Monteiro é uma das coordenadoras, em rede nacional, do Amigos do Zippy, projeto que já atendeu 283 mil crianças em 101 municípios brasileiros.
O programa é aplicado nas séries iniciais do ensino fundamental e compreende contação de histórias sobre um bicho-pau chamado Zippy que enfrenta problemas da adolescência. Exemplos são amizade, comunicação, solidão e bullying.
“Estamos falando com crianças e adolescentes de um processo de aceitação. Afinal, nessa fase é comum que os alunos tenham dúvidas, comecem a se descobrir como pessoas. E, muitas vezes, eles não têm com quem falar sobre os problemas”, afirmou Andrea.
A assistente social Kátia Dalmaz, do Rio de Janeiro, viu de perto o impacto de ações como essa em escolas do município da Lapa (PR). “Em algumas aulas, professores dedicaram tempo para que os estudantes falassem sobre o que quisessem da vida. E dali surgiram histórias maravilhosas, nas quais muitos deles compartilhavam os medos e tudo o que sofriam, muitas vezes, por atitudes de colegas da própria sala”, contou.
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