O inventor Peter Madsen foi condenado nesta quarta-feira (25) à prisão perpétua pelo assassinato, precedido de abusos sexuais, de uma jovem jornalista sueca, Kim Wall, em seu submarino particular em agosto de 2017, perto de Copenhague.
O réu, de 47 anos, foi considerado culpado pelo júri do tribunal de Copenhague pelo assassinato com premeditação de Kim Wall, de 30 anos, e por tê-la agredido sexualmente e esquartejado seu corpo antes de jogá-lo ao mar.
O condenado assegurou que se tratou de um acidente e anunciou que recorrerá da decisão, que ouviu de pé, junto ao advogado, visivelmente abatido.
O caso ganhou as manchetes e é único na história judicial dinamarquesa devido às circunstância, um crime realizado em um submarino, e pela personalidade de seus protagonistas: um inventor renomado, criador de foguetes e submergíveis, e uma jovem jornalista que pretendia entrevistá-lo.
Peter Madsen se converteu no 15º condenado à prisão perpétua na última década na Dinamarca.
Mesmo com a falta de provas concretas e o avançado estado de decomposição do corpo de Kim Wall, que não ajudou a determinar as causas de sua morte, os juízes atenderam ao pedido da promotoria, considerando que os elementos contra o acusado bastavam para estabelecer sua culpa.
Crime perfeito
O tribunal afirmou ainda que houve premeditação, baseando-se no fato de que Madsen possuía uma grande quantidade de objetos desnecessários em um submarino, como serras, chaves de fenda e furadeiras.
Peter Madsen, enfatiza o tribunal, convidou várias mulheres a visitar sozinhas seu submarino antes de 10 de agosto, mas todas se negaram a fazê-lo.
Mas, em 10 de agosto, Madsen embarcou com Wall no "UC3 Nautilus", submarino que ele mesmo projetou e construiu.
A jornalista queria fazer o perfil deste engenheiro autodidata obcecado pela conquista do mar e do espaço.
Madsen foi socorrido no dia 11 de agosto pela manhã, antes do naufrágio de sua embarcação, que admitiu ter afundado intencionalmente.
No dia seguinte, as autoridades emergiram o "Nautilus", que foi rebocado até Copenhague para fazer investigações em seu interior.
Depois de uma intensa busca no mar, o tronco decapitado e esquartejado de Kim Wall foi encontrado em 21 de agosto por um ciclista na Baía de Køge.
No início de outubro, a Polícia anunciou ter encontrado a cabeça e as pernas da jornalista nas mesmas águas.
Peter Madsen acabou confessando que esquartejou e lançou ao mar o corpo da vítima, mas negou tê-la matado intencionalmente.
Até então, Madsen negava ter mutilado o cadáver e assegurava que a jornalista havia morrido acidentalmente, depois que uma escotilha de 70 quilos teria caído sobre a sua cabeça.
As partes do corpo da vítima foram encontradas em diferentes lugares da Baía de Køge, que separa a Dinamarca da Suécia.
"O homicídio pode ter acontecido por degolamento ou estrangulamento", afirmou a Procuradoria.
O procurador Kakob Buch-Jepsen pediu que a imprensa seja cuidadosa ao publicar as informações mais sensíveis "deste caso de rara violência, com consequências trágicas para Kim Wall e seus parentes".
A acusação sustenta que Madsen matou Kim Wall com o objetivo de satisfazer uma fantasia sexual, para depois mutilar seu corpo.
No disco rígido do computador de seu laboratório foram encontrados filmes "fetichistas" em que mulheres são torturadas, decapitadas, empaladas e queimadas.
Polimorfo perverso
Madsen foi descrito pelos psiquiatras como um "polimorfo perverso com características psicopáticas" e que apresenta, além disso, um "risco elevado de reincidência".
Durante o processo, ele se descreveu a si mesmo como "um psicopata, mas carinhoso".
Uma testemunha convocada pela defesa disse à corte que ele era um "homem amável, apaixonado e sempre disposto a ouvir as pessoas".
"Madson é uma mentira de A a Z", afirmou o promotor em suas alegações finais. "É um perigo para a sociedade".
"Ele vai voltar a fazer isso", sentenciou o relatório psiquiátrico.