(Arquivo Pessoal/Reprodução)
O estudante cearense de Engenharia Civil Thiago Fernandes, 24 anos, sempre teve o sonho de estudar no exterior. Em julho deste ano ele desembarcou na Ruhr-Universität Bochum, na Alemanha, para viver esse tão esperado momento, graças a um programa do governo. No entanto, há 28 dias o jovem não sabe qual será seu futuro na Europa, devido a problemas na transferência de recursos do Ciência sem Fronteiras, uma iniciativa que beneficia cerca de 17.130 universitários brasileiros com bolsa de pesquisa e estudos em mais de 16 países.
Thiago não é o único. Os relatos mostram que pelo menos 20 alunos na Alemanha, além de outros na Itália e Inglaterra, passam pelos mesmos transtornos em relação aos valores do último trimestre do ano, com atrasos que chegam a dois meses, deixando os beneficiados em um momento difícil.
"Tivemos que pedir dinheiro emprestado a colegas e familiares, além das privações para economizar o que sobrou, pois não sabemos quando nossa bolsa cairá", reclama o cearense, completando que falta informações dos responsáveis pelo programa a respeito de quando a situação será normalizada. "Nos deram uma resposta bem vaga: 'tivemos um problema com a instituição financeira no exterior'", comenta.
Assim como ele, o mineiro Luiz Flávio da Silveira, 23 anos, intercambista do curso de Engenharia de Controle e Automação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na Leibniz Universitat Hannover, também na Alemanha, enfrenta dificuldades semelhantes no exterior. "Estou desperado aqui. Não recebi o valor da bolsa e das taxas escolares referentes ao mês de novembro. O auxílio material didático está atrasado há dois meses", diz.
De acordo com Luiz Flávio, faltam recursos até mesmo para pagar aluguel, alimentação e comprar roupas de inverno. "Com estes problemas, os estudos ficam completamente comprometidos", justifica o estudante, que vem recebendo ajuda dos pais para se manter no intercâmbio.
Sem solução
De acordo com a assistente Técnica do Ciência sem Fronteiras em Berlim, Lucienne Canavarro - por meio de uma resposta em um grupo no Facebook dos estudantes na Alemanha - tanto a Embaixada do Brasil na cidade quanto os consulados de Frankfurt e Munique já comunicaram a representação em Brasília.
"Eles enviaram uma comunicação oficial, assinada pelo Embaixador e pelos Cônsules tratando sobre o atraso das bolsas e citando os nomes dos bolsistas afetados até o momento. Agora, nós estamos aguardando a resposta", explica Canavarro.
O Portal HD entrou em contato com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do Ministério da Educação (MEC) e uma das responsáveis pelo programa no Brasil, mas até a publicação desta reportagem não havia sido divulgado um posicionamento sobre a situação dos universitários.