Produção maior de veículos e o risco de acidentes

08/01/2014 às 06:15.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:12

As montadoras instaladas no Brasil produziram no ano passado mais de 190 mil caminhões, conforme o levantamento divulgado na terça pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O número significa crescimento de 43,1%, comparado com 2012.

O governo deu importante contribuição ao bom desempenho dos fabricantes de caminhões. Fez corte de juros no financiamento para bens de capital, comprou veículos para equipar o Exército e incentivou o crescimento do agronegócio, que contrata caminhões para o transporte de grãos.

Outra contribuição: o atraso na construção da Norte-Sul, uma ferrovia planejada há quase 30 anos para escoar a safra agrícola da região Centro-Oeste até os portos do Sudeste e do Norte. As obras começaram sem projetos adequados, foram interrompidas e depois retomadas. O presidente Lula esperava inaugurar a ferrovia em 2010, mas só inaugurou um trecho. Talvez em março próximo...

Enquanto isso, haja caminhões e refinarias para abastecê-los com óleo diesel. A capacidade de refino da Petrobras não pode atender toda a demanda interna, mesmo que suas refinarias estejam operando com índice de 99% da capacidade instalada – bem maior que a média internacional, de 85% – o que põe em risco a segurança. Paradas para manutenção têm sido adiadas, para evitar que seja ainda maior a importação de óleo diesel e gasolina, até que as novas refinarias comecem a produzir.

O uso excessivo das rodovias por caminhões, incentivado pelo governo, constitui-se num risco ainda maior de acidentes, agravado pelo aumento extraordinário dos automóveis nas estradas. No ano passado, foram produzidos no Brasil 3,74 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, conforme os dados da Anfavea. É um novo recorde. Em comparação com 2012, houve crescimento de 9,9%. Para este ano, a expectativa é de crescer apenas 0,7%, mas a meta é chegar a 2018 com uma produção anual de 5 milhões.

Como a justificar os incentivos recebidos, a associação das montadoras diz que desde maio de 2012 o governo deixou de arrecadar R$ 5 bilhões por causa da redução, para veículos, das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados, mas arrecadou R$ 13,1 bilhões com os demais impostos: PIS/Cofins, IPVA e ICMS. Argumenta ainda que essa redução de impostos viabilizou a produção de mais de 1,5 milhão de veículos.

Nessa perspectiva, o governo deveria se dar por satisfeito. E mais: houve aumento de 13,5% nas exportações feitas pelas montadoras, que teriam vendido no último ano mais de 563 mil veículos, incluindo 2.882 caminhões, no valor total de US$ 16,57 bilhões. Faltou dizer quanto foi gasto com os 707 mil veículos importados pelas montadoras.

A boa notícia é que a Anfavea não está reivindicando mais incentivos ao governo, para este ano. 

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